DILMA E A REPÚBLICA...

Dilma e a República

*Ricardo De Benedictis

Eu tenho a impressão de que existem pessoas aconselhando mal a presidente Dilma (quais seriam elas?!! O leitor pode advinhar...).

Aliás, quem fez parte de luta armada para tirar do poder quem o estava exercendo de forma ilegítima (caso dos militares desde 1964), acostuma-se tanto com o arbítrio que se veste de radical em sentido contrário; e quando tem oportunidade de chegar ao poder, ao invés de agir democraticamente, volta-se contra as instituições para desmoralizá-las.

O FATO: O Senado Federal rejeitou o nome de um cidadão que vinha carregando sérias denúncias de corrupção, incompetência e negligência nos anos que atuou à frente da ANTT – Agência Nacional de Transportes Terrestres. As agências, em geral, têm seus diretores indicados pelo Executivo e seus nomes passam pelo crivo do Senado, assim como os Embaixadores e membros dos Tribunais Superiores, além de outros servidores em cargos de confiança, excetuando-se os ministros e seus subalternos. Pela primeira vez na história republicana deste país, a presidente nomeou por decreto aqueles que, segundo a Constituição da República Federativa do Brasil, deveriam ser indicados ao Senado e após a aprovação daquela casa legislativa, nomeados pela presidente. Com a desculpa de que nomeia interinamente, a presidente cometeu ‘crime de responsabilidade’. E se o Brasil fosse um país sério, poderia sofrer um processo de impeachment. Acontece que a presidente está sendo mal orientada. Ela que nunca havia sido testada nas urnas, saiu do ministério como ‘mãe do PAC’ para ser eleita presidente da República, com mais de 50 milhões de votos, devidamente ancorada no prestígio do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Da tribuna do Senado, o senador Álvaro Dias comentou que se a oposição requerer ao Supremo Tribunal Federal a inconstitucionalidade das nomeações, a presidente vai deixar o governo em 2015 ou em 2019 e o STF não julgará o seu procedimento. Êta, Justiça...

O Brasil corre o risco de virar uma Grécia, se atitudes desmesuradas contra as instituições forem adotadas pelo próprio governo que, como deveria ser, tem o dever de respeitá-las. Não aquela Grécia de Sócrates, Aristóteles, Sófocles, etc., mas a Grécia de Papademous, que tem mais de 20% da população como funcionários públicos que se aposentam aos 50 anos de idade para mamarem nas tetas já sem leite, da nação grega. A continuar neste diapasão, vão transformar o Brasil numa república falida, em poucos anos. Mais ou menos sob o velho jargão: ‘ ...e quem por último sair que desligue a luz...’

*Ricardo De Benedictis é jornalista, contista, cronista e poeta.

Ricardo De Benedictis
Enviado por Ricardo De Benedictis em 23/03/2012
Reeditado em 23/03/2012
Código do texto: T3571109
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