Crônica Crítica ao Cinema Brasileiro: MAZZAROPI, o rei das telonas
Gostaria de expressar meu pesar, de forma bem breve, prometo. Não apenas pela falta que faz o genial Amácio Mazzaropi, com seu humor leve, brasileiro, singelo e sem maldades, que tirou aplausos de todas as classes sociais, mas também pela desmemoriada e frágil memória cinematográfica em nosso país. Nosso cinema ainda está anos luz de Hollywood, não preciso nem explicar o motivo. Não valorizamos nossos ídolos e somos imediatistas. Quantos já choraram de rir com as aventuras de Pedro Malazartes, com o Jeca Tatu, com o Jeca e a Égua Milagrosa, com o capira e seu filho preto... com um caipira em bariloche então?
O filho de imigrantes nasceu em 1912 (estaria completando 100 anos este ano) e foi peça fundamental entre as décadas de 50 e 70. Não se comentou nada acerca do centenário de Amacio, tampouco aos trinta anos de falecimento, completados em 2011. Uma lástima irremediável, mais irremediável ainda é a cultura de que o antigo não é bom, é ultrapassado, e não apresentarmos a nossos jovens. Para mim o que é bom não envelhece, é perene, inercialmente estará em minha memória e em meu coração. Declaro-me um fã “sem vergonha” de Mazzaropi, de sua biografia de vida, de seu contrastante gênio na arte de escrever, de como dirigia, atuava e divulgava seus filmes, com poucos recursos, até montar sua própria companhia cinematográfica, a PAM Filmes, em Taubaté, estado de São Paulo, onde hoje instala-se um verdadeiro memorial.
Dou destaque a Tapete Vermelho, única produção que posso ressaltar de homenagem ao artista (com consistência), além do documentário O cineasta das Plateias. Assisti simplesmente os 32 filmes que ele estrelou, cem por cento, aforante inúmeros documentários, desde o inesquecível “Sai da frente”, em preto e branco, de 1952, logicamente não em seus respectivos anos de lançamento (risos). Seu jeito ímpar e jamais “imitável” de andar, seu cachimbo com isqueiro de brasa grande, suas calças curtas, seu chapeuzinho surrado, suas botinas enxovalhadas... e a eterna fidelidade a Geny Prado, papel de esposa em inúmeros de seus trabalhos, coisa rara nos dias de hoje, dentre outros companheiros. Imaginava-se até que seria a cônjuge na vida real, mas Mazza, como carinhosamente era chamado, jamais se casou e não teve filhos, apenas um adotivo, Péricles. Ao contrário do que se imagina era um homem refinado, de hábitos distintos, adepto da leitura, da boa mesa e da boa conversa.
As histórias eram quase sempre narradas em ambientes rurais, duas ou três delas, se não me engano, em representação de época, e até mesmo na Europa, como em Portugal minha Saudade, de 1973. Interpretou um dono de pensão em uma colônia japonesa, em Meu Japão Brasileiro (1964), onde demonstra toda a exploração social daquela gente que tanto fez pela região; estrelou A banda das velhas virgens, de 1979, denotando a influencia da igreja, da formação familiar, da figura do divórcio, enfim, relataria uma série de obras primas e suas virtudes, de sonoplastia muito simples, imagem de fita de rolo, todavia, cheias de amor e uma mensagem verdadeira de respeito ao próximo.
Não falarei da morte de Amácio pois ele para mim é imortal, seu acervo, sua voz ecoa na interpretação de A dor da Saudade (canção cantada por ele)... mas partiu prematuramente aos 69 anos de idade, às vésperas de mais um filme, que se chamaria Maria Tomba Homem. Recomendo ainda, Jecão, um fofoqueiro no céu (1977) e O Puritano da Rua Augusta (1965), além do clássico Tristeza do Jeca, de 1961, onde tem seu filho sequestrado em troca de uma vingança sem razão, e o recupera graças ao prestígio que tem aos seus vizinhos e a lealdade da amizade deles... boa diversão, àqueles que se dedicarem a conhecer um pouco mais da história de nosso povo. Acorde cinema brasileiro, dê valor a sua memória... Em breve, muito breve, escreverei resenhas sobre alguns dos filmes prediletos.
Gostaria de expressar meu pesar, de forma bem breve, prometo. Não apenas pela falta que faz o genial Amácio Mazzaropi, com seu humor leve, brasileiro, singelo e sem maldades, que tirou aplausos de todas as classes sociais, mas também pela desmemoriada e frágil memória cinematográfica em nosso país. Nosso cinema ainda está anos luz de Hollywood, não preciso nem explicar o motivo. Não valorizamos nossos ídolos e somos imediatistas. Quantos já choraram de rir com as aventuras de Pedro Malazartes, com o Jeca Tatu, com o Jeca e a Égua Milagrosa, com o capira e seu filho preto... com um caipira em bariloche então?
O filho de imigrantes nasceu em 1912 (estaria completando 100 anos este ano) e foi peça fundamental entre as décadas de 50 e 70. Não se comentou nada acerca do centenário de Amacio, tampouco aos trinta anos de falecimento, completados em 2011. Uma lástima irremediável, mais irremediável ainda é a cultura de que o antigo não é bom, é ultrapassado, e não apresentarmos a nossos jovens. Para mim o que é bom não envelhece, é perene, inercialmente estará em minha memória e em meu coração. Declaro-me um fã “sem vergonha” de Mazzaropi, de sua biografia de vida, de seu contrastante gênio na arte de escrever, de como dirigia, atuava e divulgava seus filmes, com poucos recursos, até montar sua própria companhia cinematográfica, a PAM Filmes, em Taubaté, estado de São Paulo, onde hoje instala-se um verdadeiro memorial.
Dou destaque a Tapete Vermelho, única produção que posso ressaltar de homenagem ao artista (com consistência), além do documentário O cineasta das Plateias. Assisti simplesmente os 32 filmes que ele estrelou, cem por cento, aforante inúmeros documentários, desde o inesquecível “Sai da frente”, em preto e branco, de 1952, logicamente não em seus respectivos anos de lançamento (risos). Seu jeito ímpar e jamais “imitável” de andar, seu cachimbo com isqueiro de brasa grande, suas calças curtas, seu chapeuzinho surrado, suas botinas enxovalhadas... e a eterna fidelidade a Geny Prado, papel de esposa em inúmeros de seus trabalhos, coisa rara nos dias de hoje, dentre outros companheiros. Imaginava-se até que seria a cônjuge na vida real, mas Mazza, como carinhosamente era chamado, jamais se casou e não teve filhos, apenas um adotivo, Péricles. Ao contrário do que se imagina era um homem refinado, de hábitos distintos, adepto da leitura, da boa mesa e da boa conversa.
As histórias eram quase sempre narradas em ambientes rurais, duas ou três delas, se não me engano, em representação de época, e até mesmo na Europa, como em Portugal minha Saudade, de 1973. Interpretou um dono de pensão em uma colônia japonesa, em Meu Japão Brasileiro (1964), onde demonstra toda a exploração social daquela gente que tanto fez pela região; estrelou A banda das velhas virgens, de 1979, denotando a influencia da igreja, da formação familiar, da figura do divórcio, enfim, relataria uma série de obras primas e suas virtudes, de sonoplastia muito simples, imagem de fita de rolo, todavia, cheias de amor e uma mensagem verdadeira de respeito ao próximo.
Não falarei da morte de Amácio pois ele para mim é imortal, seu acervo, sua voz ecoa na interpretação de A dor da Saudade (canção cantada por ele)... mas partiu prematuramente aos 69 anos de idade, às vésperas de mais um filme, que se chamaria Maria Tomba Homem. Recomendo ainda, Jecão, um fofoqueiro no céu (1977) e O Puritano da Rua Augusta (1965), além do clássico Tristeza do Jeca, de 1961, onde tem seu filho sequestrado em troca de uma vingança sem razão, e o recupera graças ao prestígio que tem aos seus vizinhos e a lealdade da amizade deles... boa diversão, àqueles que se dedicarem a conhecer um pouco mais da história de nosso povo. Acorde cinema brasileiro, dê valor a sua memória... Em breve, muito breve, escreverei resenhas sobre alguns dos filmes prediletos.
Para sempre,
Amácio Mazzaropi (1912-1981)
imagem: http://zumptv.blogspot.com.br