Fernando de Noronha, la isla bonita

O avião turboélice da Embraer cruzou os céus saindo de Recife com destino ao arquipélago de Fernando de Noronha, viagem tranqüila, depois de uma hora o piloto avisa:

- Senhores passageiros estamos chegando ao paraíso e vamos sobrevoar a ilha num vôo panorâmico!

Tal qual disse Américo Vespúcio "O paraíso é aqui", quando encontrou a ilha deserta em 10 de agosto de 1503.

A ilha, na verdade, é um arquipélago com 21 ilhas, ilhotas e rochedos, uma verdadeira jóia que surge de repente na imensidão do oceano, distante 545 km de Recife. O piloto vai descrevendo a ilha com suas praias mais famosas, seus locais turísticos e com temperatura em outubro de 30 graus. De um lado a ilha está voltada para o Brasil com o conhecido "mar-de-dentro" banhando suas 10 praias e 02 baías, sendo uma em especial: a Baía dos Golfinhos. O mar é tranqüilo na maior parte do ano, protegido dos ventos, com acesso de uma praia à outra, através de passeios cheios de beleza e aventura.

Do outro lado da ilha temos a África, com o "mar-de-fora", suas 04 praias, uma enseada, duas áreas de contemplação e um conjunto de piscinas nas rochas. O mar é agitado, mas em alguns pontos torna-se calmo devido aos arrecifes que controla o mar entre as pedras. Toda a área é Parque Nacional Marinho desde 1988, que abrange aproximadamente 70% da área total do arquipélago administrado pelo IBAMA, tendo apenas 26 Km2 e uma rodovia de 7,5 Km, a pesca é proibida e os habitantes vivem basicamente do turismo ou trabalham no serviço público.

O arquipélago foi a primeira Capitania Hereditária do Brasil, doada a Fernão de Loronha, que nunca ocupou a área. Esquecida por mais de dois séculos e situada na rota das grandes navegações, foi palco de muitas invasões motivando sua definitiva ocupação por Portugal, através da Capitania de Pernambuco, a partir de 1737. Depois o Arquipélago transformou-se num Presídio Comum, para presos condenados a longas penas, os presidiários ergueram todo o patrimônio edificado e o sistema viário que interliga vilas e fortes. Para evitar fugas e acoitamento dos presos a vegetação original foi sendo destruída.

Em 1938 o Arquipélago foi cedido à União, para a instalação de um Presídio Político. Em 1942, durante a II Guerra Mundial, criou-se o Território Federal Militar, juntamente com o Destacamento Misto de Guerra e a aliança com a Marinha norte-americana, que instalou na ilha uma Base de Apoio, com cerca de 300 homens.

Nesse período, com uma população de mais de 3.000 expedicionários, foram construídas muitas casas pré-moldadas, para abrigá-los. Por isso quase todas as pousadas, lojas e comércio são antigas casas de madeira premoldadas. Em 1988, por força da Constituição, o arquipélago foi reintegrado ao Estado de Pernambuco, sendo hoje um Distrito Estadual. Em dezembro de 2001, a UNESCO considerou o arquipélago sítio do patrimônio mundial natural.

Tudo muito lindo, natural, ecológico, acesso controlado, taxa hoje de R$ 40,00/dia por pessoa, Policia Federal, Estadual, Aeronáutica e Policia Ambiental, população com consciência ambiental, áreas preservadas, passeios maravilhosos, paisagens belíssimas, praias paradisíacas, mergulhos junto a tubarões, arraias e golfinhos e também mergulho numa piscina natural com profundidade de um metro, cujo acesso é controlado, somente para pequenos grupos de 18 pessoas em horários determinados por 40 minutos, assim mesmo com flutuadores, pois é proibido pisar nos corais.

Como quase tudo na vida tem o lado bom e o ruim, conversando com os guias e nativos ouvi muitas queixas sobre o custo de vida, a impossibilidade de se construir novas casas, que só é possível viver na ilha casando com nativo ou vindo a trabalho, que o índice de alcoolismo e uso de drogas é grande devido a vida monótona e falta de opções, mas o grande problema, me parece, é de saúde, pois só existe um pequeno hospital para primeiros socorros e qualquer maior problema, até mesmo um braço quebrado, o paciente tem que ser transportado para o continente e o vôo acontece somente uma vez por dia.

Fomos assistir a uma palestra sobre a ilha no Projeto Tamar, que deveria ser obrigatória, onde fomos informados do grande número de acidentes, ate mesmo fatais, com turistas, que se empolgam ante a beleza selvagem do local. Na alta estação ocorrem também acidentes de veículos e mergulhos motivados pelo alto consumo de bebidas alcoólicas.

Eu mesmo, num destes mergulhos de contemplação, em que por incrível que pareça não há nenhuma orientação sobre segurança, fui acompanhando o guia e avançando pelo mar, enebriado com tanta beleza marinha, quando dei por mim estava exausto, com dificuldades de respirar, longe do grupo, sem condições de ao menos gritar por socorro, por sorte havia pedras próximas e consegui sair da água, ainda assim fiquei por lá um bom tempo para me recuperar e voltar a areia, todo meu drama ninguém presenciou, o guia nem soube do fato, por esta e outras a palestra deveria ser obrigatória quando da chegada a ilha.

Mas que o local é um paraíso, e vale a pena ser visitado, isso é verdade!

Paulo Melo
Enviado por Paulo Melo em 22/03/2012
Código do texto: T3570249
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