A ARTE DE ENSINAR
Voltando da academia aonde, de segunda a sexta cumpro a rotina insossa de andar sem sair do lugar e de puxar ferros pesados, assisti a uma cena digna de registro.
Uma professora, duas auxiliares e doze ou quinze criancinhas que, pelos portes físicos devem ter menos que três anos, estavam fazendo “aula prática de como se deve atravessar a rua”.
Um de cada vez era estimulado a demonstrar na prática, o que havia aprendido na sala de aula.
“Primeiro olha para os dois lados, depois vê se tem água para não molhar os pés, desce para a rua, atravessa em linha reta até o outro lado, sobe a calçada e não fica parado na ponta...”
É realmente encantador o trabalho dessas profissionais, forjando cidadãos, tratando a todos como se cada um fosse único.
Na riqueza vocabular do nosso idioma, professorar é a arte de transmitir conhecimento e foi isso que eu tive a oportunidade ver mais uma vez.
Coincidentemente, num dos emails que recebi hoje diz que no Japão, os professores são as únicas pessoas que não precisam curvar-se diante do Imperador.
Não dei muita credibilidade a essa historinha tendo em vista que, sendo o professor, a pessoa que está permanentemente servindo de modelo para muitos, e se, ao Imperador cabe a honra de ser cumprimentado com o gesto de curvar-se, o professor jamais hesitaria em fazê-lo, para que os demais sigam o seu exemplo.
Mas se for verdade, o título do email está correto – “ISSO EXPLICA TUDO”
Um povo que sempre considerou que seu Imperador tem origem divina, reconhecer no professor a dignidade de não precisar curvar-se diante desse semideus é, no mínimo, deificar o profissional de ensino.
Quando em 1945 terminou (?) a segunda guerra mundial, o Japão estava reduzido a pó. A economia esfacelada, a indústria destruída, a agricultura contaminada pela radioatividade e no termo de rendição, a única exigência foi que “a pessoa do Imperador (e seus familiares) seja intocável” e o único pedido “saiam das terras do Japão”.
Hoje, graças ao trabalho do professor, o Japão é a potencia mundial que não precisa ser dita porque todos nós conhecemos.
Esse exemplo está sendo seguido pelos países asiáticos emergentes no concerto mundial das nações, conhecidos como Tigres Asiáticos.
No discurso que fiz como orador da turma de Bacharéis em Ciências Biológicas da Universidade Federal Rural de Pernambuco, eu agradeci aos professores assim:
... aos professores, desde a tia da pré-escola, que nos ensinou a base da convivência humana em sociedade, na filinha do piuí-tá-tá-tá, até o orientador do Estágio Supervisionado Obrigatório, a nossa gratidão e a certeza de que vive em cada um de nós um pouco de vocês...
Tenho a esperança (talvez delírio infantil) de que, um dia, todos nós
brasileiros, reconheceremos nos professores a real importância que eles têm.