Como nos velhos tempos...

Como parte de um mundo globalizado, - e nossa, já estou cansada de escutar essa afirmativa- na maioria das vezes nos consideramos superiores em relação às gerações anteriores. Afinal, somos detentores de todo um arsenal cientifico-tecnológico, vivemos rodeados de informações, que chegam a nós cada vez mais rápido, em questão de segundos. Essa forma de pensar, até parece à primeira vista ser algo racional. Entretanto, apenas à primeira vista, sob aquela ótica superficial e altamente preconceituosa. Quando nos reportamos à algumas décadas atrás, frequentemente lembramos das suas limitações, no que tange ao acesso de informações e ao longo caminho que tinha-se que percorrer para chegar até elas. Hoje, não. Temos internet 24h e uma infinidade de modos de nos manter conectados. É essa a principal característica da globalização, não é mesmo ? Encutamento de distâncias e uma teia que interliga tudo e todos. Porém, aqui não venho eu falar sobre a senhora globalização, pois como já citei anteriormente, dela estou farta. Queria relembrar apenas o que perdemos com a sua imponente chegada. Sinto que esqueçemos os sabores daquela vida antiga, mais simples, mais calma e talvez até, mais feliz. Esqueçemos de falar da boa educação que se tinha, que apesar de rígida, contribuia para a formação de belas pessoas, com belas personalidades e virtudes que, hoje, muitos esqueçeram que existe. Hoje temos uma educação, mais avançada, cheia de possibilidades... Muitos abrem a boca para falar. Mas acho que escondem o detalhe que, de tanto "conhecimento" as crianças estão ficando sufocadas, ou melhor dizendo, estão deixando de ser criança cada vez mais cedo. Paradoxalmente, adultos são portadores de atitudes infantis, bobas, impensadas. Se não fosse trágico, poderia até ser cômico, o fato de ainda conseguirmos nos vangloriar perante os nossos antepassados. Somos tão racionais, que sinceramente chega a provocar medo. O egocentrismo rege as nossas relações socias, abandonamos os bons valores do passado e aproveitamos os mais ingênuos - como aqueles de sentar na porta e falar da "vida alheia"- hoje, claramente, não sentamos mais nas portas, até porque nem temos tempo mesmo ! Mas quando se trata de falar dos outros, somos excelente - se não hipócritas- críticos. Só nos resta correr e correr, feito crianças, como naquela velha brincadeira. Mas cuidado, nessa correria toda temos que notar se estamos indo no caminho verdadeiramente certo, ou se não estamos só dando voltas, atordoados, sem saber ao certo onde vamos parar. Sinceramente falando, talvez não ser "tão racional" assim, não fosse tão ruim quanto pensamos. Talvez fosse bom, ter tempo para nos sentarmos na porta e simplesmente respirarmos um pouco.

mmmalencar
Enviado por mmmalencar em 22/03/2012
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