Rio, Cidade dos Sonhos e dos Mitos

 
 

Olhar para a cidade do Rio de Janeiro ao entardecer é magnífico, suas tardes, suas paisagens. Fico extasiado de tanto observar, sem me cansar. O mar azul marinho, o céu e suas nuvens avermelhadas, protagonizando o início do outono que nos espera. O que ele nos revela?

Esperança, assim espero. A mesma esperança que tenho em atravessar a Guanabara e encontrar o meu ancoradouro, sim, o meu porto seguro. Daqui de Niterói vejo a beleza sem tristeza, sem o dia a dia, sem a monotonia de um dia inteiro de trabalho. Vejo a vida misturada à natureza. Observo um navio cargueiro a entrar pela baía, o que ele carrega? Quem o navega? Quais os materiais que, dentro da embarcação, eles trouxeram?

Tudo é esperança e mistério, assim como o cargueiro gigante que entra pela baía, os aviões chegam e partem do caloroso Santos Dumont, criador de tantos sonhos e desventurado por causa deles.

As luzes começam a iluminar a cidade, que nunca para, nunca muda, mas sempre surpreende com suas variações de como fazer as pessoas serem felizes, de acreditar que tudo é possível, que, dia a dia, com um tijolo a cada instante, eles podem fazer um mundo melhor. Que beleza é este meu Rio de Janeiro.

Meu grande amor vive por lá, nessa terra de tantas maravilhas, está entre o sul e o oeste, vivendo na mais perfeita alegria de sua adorável harmonia com a natureza. A noite ela vira sereia e viaja pelos mares obscuros. A procura da liberdade que só os mares bravos e profundos têm a oferecer. Uma vez ou outra ela entra pela baía e fica a ver o entardecer, daqui de Niterói, observando Afrodite e Zeus, na sua caminhada rumo a Apollo, que já se escondeu no horizonte. Sagrado aquele que a ela puder vislumbrar, pois um grande amor há de encontrar.

Por isto estou aqui, para ver a minha cidade sagrada, mesmo a distância, preso não pelo movimento, mas pelo sentimento que tenho por esta terra de Araribóia, que sempre me seduziu com a sua calmaria e ternura. Duas cidades, dois amores, num elo interminável que testemunha o grande amor de um homem pela mulher-sereia, que habita em seu coração, nessa vida cheia de sonhos. Fico aqui na praia vermelha, a espera do meu sonho, a espera da realização do desejo de uma vida.

O vento sul toca-me como um beijo roubado, da mulher que amo. Enquanto a noite cai, como um sussurro inocente, encho-me de amor e desejo, quero atravessar o mar e tocar as terras de Copacabana, ir de Ipanema ao Leblon, sentir-me no Arpoador, olhando o cruzeiro apontando o sul para os navegantes.

Ver a noite chegar é um acontecimento único na vida de um amante, sou esse amante, a buscar a história da minha vida, a procura de fazer real um sonho possível, encontrar na vida escondida entre as vidas, aquela grandeza que fará a minha áurea atingir os limites do mais puro e lindo brilho, mas enquanto isso não chega, fico aqui, a ver o mar, a baia e o meu terno Rio de Janeiro, cidade maravilhosa por direito, dona da vida da amada que vive em meus sonhos.

Mauro Veríssimo

Mauro Veríssimo
Enviado por Mauro Veríssimo em 21/03/2012
Reeditado em 11/09/2022
Código do texto: T3568061
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.