Sobre o povo e o povão

Sobre o povo e o povão

Na edição passada, meu colega Toninho Sampaio abordou com muita propriedade a importância da figura de um vereador para uma administração municipal ser bem sucedida. Infelizmente, não temos visto esse “ bem” acontecer há muito tempo. Como ele abordou e todo mundo sabe disso, a maioria dos nossos vereadores, ocupam seus cargos não pela competência administrativa que têm, mas pelos elos que conseguem entremear com a função que exercem e o povo que elege. Já vimos vereadores serem eleitos por mil razões, de acompanhar cortes de reinado à transportar doentes, mas isso não é o mal pior. O que eu considero mais decadente do que isso é o descrédito que essa nobre função vem conquistando pelas pessoas que realmente teriam condições de exercer com competência esse papel, mas que não o fazem porque sabem que serão derrotados por pessoas que aliciam os eleitores com favores que muitas vezes fazem parte da função para a qual são pagos para fazer e que se transformam em samaritanos, redentores das dores e dificuldades alheias. Só para recordar, muitas vezes educadores vem colocando o nome na disputa e são ignorados até mesmo pela classe, que não se importa ao menos em colocar um seu representante na Câmara, para lutar e defender os seus direitos. Logo a classe de educadores, que deveria se organizar para se fazer representar e também politizar aqueles que passam pelas suas mãos para escolherem pessoas que possam realmente defender os interesses da sociedade, das classes e acompanhar o que realmente deveria ser feito em cada administração municipal.

Mas esse mal não acomete apenas o povo de nossa cidade. Na última eleição para deputados testemunhamos o Tiririca bombando no Estado de São Paulo. Na época até comentei sobre o assunto, quando comparei a eleição com o circo, onde os palhaços realmente são imprescindíveis. Acho que era esse mesmo o recado que o povo paulista queria dar ao Brasil: se estamos vivendo na política um espetáculo de estripulias, malabarismos e ilusionismo, então porque não colocar lá no palco um legítimo palhaço, aquele que mais se identifica com o povo pela sua simplicidade capaz de gerar gargalhadas? Até hoje não dei notícia de nada que o ilustre representante da Câmara paulista realizou, aliás, nem sei se o pobre coitado realmente aprendeu o código da leitura e da escrita, luta que travou em três míseros meses antes de ser diplomado, mas mesmo assim continua lá, recebendo seu polpudo salário e suas merecidas verbas de representação. E a insatisfação do povo continua a mesma, já que o seu nome está incluído entre os prováveis candidatos à prefeitura de São Paulo. Sei não... acho que se a moda pega, em breve vai haver muito circo fazendo campanhas pelas ruas: Hoje tem espetáculo? – Tem sim senhor! E o palhaço o que é? – É o seu vereador! Viram? Dá até rima. Afinal, não existe nenhum ditado mais verdadeiro que aquele que diz que cada povo tem o governo que merece. E se não fazemos nada, fazemos por merecer o que temos. Reclamar pra quê?

maria do rosario bessas
Enviado por maria do rosario bessas em 21/03/2012
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