FÉ vs. RELIGIÃO? Prefiro Deus!
Analisando a matéria veiculada pela Rede Record de Televisão, no programa Domingo Espetacular, quando mostrou bens de altíssimo valor adquiridos pela Igreja Mundial e transferidos ao seu presidente Pastor Valdomiro.
Primeiramente, cabe ressaltar que fé, religião, charlatanismo e estelionato são coisas bem diferentes.
O que me parece é que este senhor, Pastor Valdomiro, fez foi usar todas essas coisas. Usou a prerrogativa de um povo fiel, que acredita em Deus sobre todas as coisas e na sua capacidade de mudar seu destino a partir de suas orações. Montou uma religião neopentecostal se pautando em bases bíblicas de auto interpretação e seguiu modelos de “sucesso” de outras igrejas do gênero, que conseguiram notoriedade internacional, a exemplo da Igreja Universal. Aliás, ele é dissidente da IURD...
Passou então o dito parlapatão a apregoar os benefícios da fé em sua igreja. Ora, Deus age na fé daqueles que acreditam e pedem com fé... Assim, as pessoas que recebiam as bênçãos desejadas, de algum modo, eram constrangidas emocionalmente a fazer contribuições exacerbadas à prática charlatã do Sr. Valdomiro. Prometer a cura sem garantias, se não da crença, poderia ser incluso no tipo penal do art. 283, verdade que mais adstrito ao campo da medicina fálica, mas, se amoldaria perfeitamente ao caso, pois, no direito brasileiro quer dizer "Inculcar ou anunciar cura por meio secreto ou infalível".
Inculcar é dar uma de "bonzinho", ou poderíamos dizer, no caso popular, "se fazer de santo". Veja-se que ele anunciava seus feitos nos meios de comunicação de massa, cujos programas eram mantidos pelos fiéis (coisa que RR Soares e Edir Macedo também o fazem); No entanto, nunca foi ele, o homem Valdomiro, quem curou ou praticou maravilhas, pois, quem cura, na fé Cristã, é Jesus, ressurreto, através da ação do Espírito Santo, que biblicamente age como consolador pela influência da fé individual ou coletiva.
O "enDeusamento" é comum nas sociedades, a busca por pessoas que possam ser canais de benção. Igrejas que pregam bênçãos que atendem às necessidades urgentes das pessoas, me parecem tendenciosas em seus propósitos, quando usam dos resultados para amealhar recursos além da necessidade, os quais não precisam recolher os devidos impostos ou prestar contas externas. É uma realidade histórica mundial. A autonomia e independência clerical diante do Estado (já que o Estado deveria ser “laico”), fazendo com que sempre seja ela, mais que as Leis, a ditadora de comportamentos e ações previamente pensadas em cabeças humanas e atribuídas aos feitos das personalidades tidas como santas.
Agora, voltando ao início: Fé é o instrumento da benção, de quem acredita fielmente que receberá o que precisa, diretamente de Deus, sem intermediários. Religião é a ligação, a ponte construída por homens para chegar ao outro lado da margem onde acreditam que encontrarão Deus (existem muitas pontes, em diferentes formatos, materiais e extensões, cada um escolhe a que mais se identifica). Charlatanismo religioso seria dizer-se condutor da cura ou benção que é uma prerrogativa única e exclusivamente Divina (ninguém é procurador de Deus, o único foi pregado numa Cruz, por nossos pecados). Por fim, estelionato é o famoso art. 171 do Código Penal Brasileiro. Lá está escrito "obter para si ou para outro, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil ou qualquer outro meio fraudulento." Isso dispensa comentário. Alguém, diante dos fatos narrados nas reportagens, e analisando o "modus operandi" da igreja/empresa e seu pastor/empresário, consegue descomprometida mente desligar o tipo do sujeito da matéria?!
Sou uma pessoa que acredita em Deus, Jesus Cristo e na ação do Espírito Santo. Minha fé provém da Bíblia. Não me deixo ludibriar por religiões construídas por homens. Procuro não fazer mal a ninguém. Amo minha família e respeito meus amigos. Creio que esta é a receita para uma vida melhor e um futuro mais confortável com minha consciência e fé.
Viver por dogmas é se basear nas experiências e concepções de mundo de outras pessoas em circunstâncias alheias às suas.
Sinto por todas as pessoas que seguiram "o lobo" na pele do Cordeiro.