FACE BUSQUE
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Por Carlos Sena
 
O face busque é uma forma que a gente moderna descobriu pra imitar o Pajé. Como se vê não somos tão modernos assim.  No passado, o Pajé se reunia com os índios e, na sua net sem fio, passava orientações. Hoje, o dono do face (pajé) se tranca no seu cafofo virtual e nós, sem vê-lo, sem tocá-lo, sem ouvi-lo, fazemos tudo que ele nos manda. Somos rede. Nela a gente se balança, cai dela, mostra a face oculta, busca os outros e os outros que nos busque. Face busque. Busque o amigo que está no face. Busque o namorado que ele está no face. Busque o que se perdeu e se acha no face. Busque a moça virgem que não está no face. Busque a moça furada que não se encontra no face. Busque a privacidade e não se encontra no face. Busque o que se lasca e não se encontra no face. Busque a santa, a puta, a rameira. O homem, a mulher, o bicho de pé, o gay, o do armário, o itinerário, a banda da lua, o beco da fome, o homem e o beco e a fome e lá está o face.
Busque o perdão, mas o peidão não busque. Tá no face, busque! Chute o pau da barraca, encha a cara de cana, dê porrada no guarda. Roubaram seu dinheiro? Furaram seu papeiro? Bota no face que te busca. Face busque. Mais face do que busca, mais mosca do que mutuca. Mais buraco do que cumbuca. Quem busca no face não se busca. Rebusca-se inteiro como se metade fosse. Quem se julga salgado se encontra doce no compartilhar da mensagem. Face busque é chiclete que não se masca é missa que não se reza, é reza que não se benze, é benzedura que não se garante de satanás. Face busque, fez tempo. Fez veloz mas queria lento... face busque olha o pajé. Mané, Manet, manchete do jornal que fechou: o face tai, o book fechou. Face busque...