Um pensamento antiquado, uma atitude irrefletida

Imaginem um espetáculo de marionetes de quinta categoria ao vivo e a cores... Agora adicionem quantidades besta de cerveja, por fim, tirem uma foto. O que viram?

- Pessoas se enlouquecendo ao som de poderosos trios elétricos na Avenida Rio Branco...

- Certo, isso mesmo... é isso que se vê em plena luz do dia, no dia de Carnaval no Rio de Janeiro – desculpem o pleonasmo. Mulheres que de tão bêbadas acabam por dançar uma mistura de tudo, mas que ao mesmo tempo é nada. Os maridos, ou seja lá o que eles são delas, simulam bebedeiras para apanhar meninas desprotegidas, se é que alguma o é! Neste caos apocalíptico parece que tudo é possível, será mesmo assim?

O “tanas” que é!!!! Eu não vejo razão para tamanha folia, loucura...; mas isso sou eu, um espécime em vias de extinção, um antiquado se acharem por melhor. A cada olhada sobre a parafernália meu estomago se revolta, é como se tivesse acabado de comer uma grande quantidade de doces e de seguida joga-se tudo fora. Se um sentimento eu pudesse ter naquele momento seria o de angústia. Quiçá eu juntasse a incompreensão, mas aí estaria a ser demagógico em todo o meu esplendor. Ver meu povo de cócoras não me agrada, não é de todo o cenário idílico que eu gostaria de apresentar para minha mãe. Mas fazer o quê? Fui apanhado com as calças na mão... quando tentei mudar de direção já dona Leontina degustava o pisa no pé.

Volta e meia estávamos dentro do metrô a caminho de Ipanema. Não me perguntem com que esperança, íamos para onde o vento nos levava... não fazia a mínima idéia do que ia encontrar.

(...)

(...)!(...)

- E aí, como foi?

Aff! Não, á foi, como foi? Assim foi. Lá fomos em direção á praia, passo entre passo, por entre a banda de Ipanema e tentando fugir da Senhora Confusão acabamos por embocar com a Senhora Bagunça na praia de Ipanema - pior seria impossível; o cheiro nauseabundo que se fazia sentir perfura meu dorso á velocidade de uma bala. Nisso minha mãe grita, e me olha como dizendo - vamos embora que aqui está tudo louco.

- Respondo com um soslaio e me dirijo para a água. A água estava fria - meu corpo não gosta – ui pra lá, ui pra cá, um pé dentro, outro fora... é um repouso que anseio, um desejo que... é minha mãe que fica para trás... Olho em meu redor, e nada vejo...

Tem dias que sinto vontade de desaparecer. Nada do que hoje vejo me satisfaz - tudo que acontece é medíocre. Como diria Mia Couto “em tempo de guerra, até a estrada virou pó”.

Jvcsilva
Enviado por Jvcsilva em 20/03/2012
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