A minha dor
Eu não sei se nós que escrevemos conseguimos realmente fazer poesia quando estamos com dor, a dor física. Eu sei que existem dores tão ou mais intensas, como as da alma, mas, no fundo, no fundo, sentir dor em alguma parte do corpo faz com que a gente fique dura para as letras e para qualquer coisa que seja.
Eu digo sempre que sentir dor é ver o mundo em branco e preto, onde não há outras cores, apesar de que uma fotografia Black and White pode ser belíssima, singela, uma obra de arte. Mas ver o mundo sem um prisma iluminado, por causa de dor, é como ser cego sem o ser. E se cego pode ver de outra forma, tenho que aprender sobre este mundo.
Existe um portal da dor em cada ser humano: só passa a dor maior. As outras dores adormecem. No meu caso, tenho apenas sentido dor em cada passo que dou, mas, mesmo assim, tenho convido com ela e a tenho superado, pelo menos emocionalmente.
Ta certo que eu tenho chorado de dor, mas porque ela me acompanha, me maltrata e não me deixa fazer tudo que eu quero. Eu choro de dor porque luto contra ela o tempo todo. No dia em que eu a venço, aí eu escrevo. Alivio a dor comigo mesma, em cada linha redigida, em cada trabalho realizado.
É estranho ser médica e sentir dor. Não para mim, pois eu sei que médico é igualzinho a todos, mas acham esquisito um médico ter dor e não se livrar da mesma, como se nós detivéssemos o segredo do alívio de todas as dores. Não é bem assim...
Tenho observado comportamentos muito característicos nas pessoas com quem convivo, sejam pacientes ou sejam amigos e parentes. Eles temem a minha dor e fogem dela. Eu passo a ser uma pessoa não tão confiável assim.
Quando me perguntam como eu estou, e eu digo que sinto dor, eles ficam arredios, pois não esperavam por isto. A maioria me procura para ajuda aos seus males e se sentem inseguros quando eu falo que estou doente. Muitos até fogem do assunto e mudam de conversa...
Eu espero que minha dor passe e estou batalhando para isto. Se eu não conseguir, que, ao menos, eu conviva com ela e seja feliz, em cores, com todas as cores deste mundo.
Leila Marinho Lage
http://www.clubedadonameno.com
Eu não sei se nós que escrevemos conseguimos realmente fazer poesia quando estamos com dor, a dor física. Eu sei que existem dores tão ou mais intensas, como as da alma, mas, no fundo, no fundo, sentir dor em alguma parte do corpo faz com que a gente fique dura para as letras e para qualquer coisa que seja.
Eu digo sempre que sentir dor é ver o mundo em branco e preto, onde não há outras cores, apesar de que uma fotografia Black and White pode ser belíssima, singela, uma obra de arte. Mas ver o mundo sem um prisma iluminado, por causa de dor, é como ser cego sem o ser. E se cego pode ver de outra forma, tenho que aprender sobre este mundo.
Existe um portal da dor em cada ser humano: só passa a dor maior. As outras dores adormecem. No meu caso, tenho apenas sentido dor em cada passo que dou, mas, mesmo assim, tenho convido com ela e a tenho superado, pelo menos emocionalmente.
Ta certo que eu tenho chorado de dor, mas porque ela me acompanha, me maltrata e não me deixa fazer tudo que eu quero. Eu choro de dor porque luto contra ela o tempo todo. No dia em que eu a venço, aí eu escrevo. Alivio a dor comigo mesma, em cada linha redigida, em cada trabalho realizado.
É estranho ser médica e sentir dor. Não para mim, pois eu sei que médico é igualzinho a todos, mas acham esquisito um médico ter dor e não se livrar da mesma, como se nós detivéssemos o segredo do alívio de todas as dores. Não é bem assim...
Tenho observado comportamentos muito característicos nas pessoas com quem convivo, sejam pacientes ou sejam amigos e parentes. Eles temem a minha dor e fogem dela. Eu passo a ser uma pessoa não tão confiável assim.
Quando me perguntam como eu estou, e eu digo que sinto dor, eles ficam arredios, pois não esperavam por isto. A maioria me procura para ajuda aos seus males e se sentem inseguros quando eu falo que estou doente. Muitos até fogem do assunto e mudam de conversa...
Eu espero que minha dor passe e estou batalhando para isto. Se eu não conseguir, que, ao menos, eu conviva com ela e seja feliz, em cores, com todas as cores deste mundo.
Leila Marinho Lage
http://www.clubedadonameno.com