Mascando Violetas Azuis
"Bolsinha".
"Blusinha".
"Sapatinho".
"Calça".
"Cintos".
"Shopping".
"Combinando".
É tudo o que tem pra hoje.
É tudo o que tem dentro dessas cabeças.
Falar de pau ninguém quer.
Até quando o assunto é escatológico, e eu imagino aqueles tocos de merda dependurado em seus cus, eu consigo sentir menos nojo.
Hoje era pra ser um daqueles dias longos e sofríveis, cujo meu reflexo acentuaria minha miserabilidade física, mas com tanta bosta caindo em meus tímpanos, acabei de desistir da derrota.
Não é a coisa mais bonita do mundo se sentir melhor à custa da mediocridade alheia.
Mas é o que tem pra hoje.
É tudo o que tem pra hoje.
E para todo o sempre.
Amém.
*
Não é de hoje que me pego imaginando como seria um dia dos sonhos. Aquele dia que você pode fazer tudo o quiser dentro da sua rotina. Sim, dentro da rotina, porque se for fazer tudo o que quer MESMO, presumo, não sairá da cama. É o que eu faria. Não sair da cama, eu quero dizer.
Imagina... Estar no ponto de ônibus e chega aquele vira-latinha confuso e um engraçadinho o escorraça aos pontapés; e você imediatamente o pega por trás com um caibro e o faz cair já epiléptico.
Imagina... Estar parado seja lá onde for, apreciando a paisagem, e chega aquele fumante ao seu lado, soprando a desgraça da fumaça praticamente na sua cara, nem se importando se você gosta ou não; imagina? Imagina poder quebrar cada um dos dedos do desgraçado, arrancar cada uma de suas unhas e apagar um cigarro em cima de cada um dos dedos abertos e quebrados? Com um chute nos dentes, depois!
E aquela piranha gorda da bunda quadrada que se acha pra caralho e que passa ao seu lado se achando a coisa mais importante do planeta (até mesmo mais importante do que o oxigênio)? Imagina poder jogar uma xícara de chá quente na cara dela?
Seria um dia em que somente os fortes sobreviveriam.
Seria um dia em que todos os cânceres seriam emancipados.
Enfiar celular no cu de funkeiro, jogar balde de água fria em nego malcheiroso logo cedo nos transportes públicos, dar mil tapas na cara de mulher que fala pelos cotovelos, dar dois mil e quinhentos tapas na cara de mulheres que cacarejam em ônibus e metrôs, queimar bíblias em porta de igreja, queimar Testemunhas de Jeová que batem à sua porta nas manhãs de domingo, descarregar um taser todinho naquelas pessoas que compartilham fotos de animais escalpelados em redes sociais; enfiar um lápis no olho de quem escreve "MAIS" em vez de "MAS", e enfiar outro se houver reincidência.
O dia da intolerância saudável.
O dia do extravaso.
O dia da anti-carranca que você carrega por causa dos outros.
Afundar a cara de quem caga e não dá descarga no vaso e esvaziar a caixa d'água.
O dia da dedada no bizuim da sociedade.
O dia da dedada no fiofó do lugar comum.
A porra de um dia que nunca virá enquanto formos sãos.
A porra de um dia que não virá enquanto houver paciência.
Essa paciência que é dizimada pouco a pouco em todas as 24 horas do dia.
Porque o seu próximo é um filho da puta. Que quer te foder.
Que só pensa em si próprio, mas de maneira que prejudica o outro.
Com seus fedores com seus barulhos com seus cagalhões com suas logorréias com suas iniqüidades com suas picuinhas com suas rasteirices.
ETC. ETC. ETC. ETC. ETC. ETC. ETC.
*
(Esse espaço é um naco de alma que só pode preenchido por um abraço X).
19/03/2012 - 17h26m