Pseudopoeta

Nunca fiz uma poesia... Sempre tive admiração para os que no êxtase dos sentimentos conseguem ejacular desvairadamente suas emoções em forma de poesia... Isso para mim foi sempre um desejo, posso ate mesmo dizer que um sonho. E como o óbvio diz: "Pra quem tem um sonho o melhor é dormir".

Ontem estava chovendo e sem ninguém em casa, um bom ambiente para ler, fui à estante e peguei um livro do velho Bukowski . Pra que já leu algum livro dele sabe que e inevitável a vontade de beber alguma coisa durante a leitura... Inevitavelmente abri uma garrafa de Sakê, que há tempos eu a jurava de morte.

Arrumei alguns limões, um pouco de açúcar e parti para o assassinato. Foi difícil mais com a ajuda de alguns limões espremidos eu venci a batalha contra aquela garrafa...

Porra!... Como é alucinante o poder que a bebida tem de nos tirar a lucidez, só alguns mililitros de Sake e eu já não me concentrava nas palavras do velho Bukowski. Ta certo que foram 700 ml, mais aquela merda desce tão macio com limão que acabei subestimando a pinga de arroz dos japa...

Joguei o livro de lado e fiquei pensando sobre poesia... Sendo ela uma linguagem humana utilizada com fins estéticos, ou seja, ela retrata algo onde tudo pode acontecer dependendo da imaginação do autor como a do leitor...

Sou um cara invadido por pensamentos, pensamentos esses de todos os tipos e tamanhos tenho a mente fértil. Por que nunca fiz poesias?

Minha cabeça é um muro dividindo as idéias desse mundo... Do mundo de um ser demais! Meus pensamentos cheiram como flor, multicolor e minha cabeça é plataforma de pensamentos lunares.

Deve ser por isso que não faço poesias. Tem que ter mais que audição, mais que sexo e visão prá se entender um ser demais! Cinco sentidos não bastam pros pensamentos, prá se ter entendimentos de elementos naturais? Não é isso! Não sou um ser demais...

Então...

Fiz da minha mente abatedouro tábua de corte e de conforto um açougue

na exumação dos fatos na autópsia do silêncio um

HOLOCAUSTO AOS MISTÉRIOS...

Queria me conter num frasco sólido e incolor visualizar minha alma gélida reluzindo em rosas pálidas, pois assim eu ficaria mais explicito...

Diante do frasco todos os meus eus saltam

dos meus olhos pro abismo do mundo

e abandonam pernas e braços e todas as minhas indagações ficam de fora a esperar por mim...

Quando me retirar... Separarei o certo do errado sairei aliviado de culpas, pois estarei consciente em meu EU verdadeiro diante os flagrantes dos dias, assumindo pecados que antes me foram dados para que da inocência fosse arrebatados...

Sairei aliviado por me saber abstrato ......................................absorto ...............................absurdo ....................................abastardo.. Abastado de abismos, abstenho-me de tudo e me atiro em itens e vontades sem fim

E dou conta de mim no fundo do fosso em vínculos de carne e osso entrelaçados em veias num holocausto aos mistérios...

Ao acordar desse sonho bêbado... Dei de cara com meu cachorro me olhando parecendo que estava sorrindo pra mim ou de mi... Sei lá! E também pouco me importava saber o que ele estava pensando. Levantei e falei pra ele: Gosto de você de qualquer jeito seu cachorro doido, seus pensamentos ao meu respeito indeferem o gostar é metafisico, nem eu nem ninguém entende.

Joguei a garrafa de Sakê vazia no lixo, fui para o quarto aproveitar o clímax e masturbar as idéias para ejacular letras viva em um papel fértil...

Andre Mota
Enviado por Andre Mota em 19/03/2012
Reeditado em 20/03/2012
Código do texto: T3563462