Juro que um dia eu devolvo
De uns tempos pra cá, venho pensando incessantemente nas coisas que passaram na minha vida que não eram exatamente minhas. Tá, confuso, sei disso, mas quero falar sobre o que tomei emprestado sem saber. Mais ou menos como o que eu li na internet um dia desses: ”Filho é um ser que nos emprestaram para um curso intensivo de como amar alguém além de nós mesmos, de como mudar nossos piores defeitos para darmos os melhores exemplos e de aprendermos a ter coragem. Isso mesmo! Ser pai ou mãe é o maior ato de coragem que alguém pode ter, porque é se expor a todo tipo de dor, principalmente da incerteza de estar agindo corretamente e do medo de perder algo tão amado. Perder? Como? Não é nosso, recordam-se? Foi apenas um empréstimo!”
E tenho certeza que esse pequeno texto (que eu desconheço o autor, mas isso pouco importa) pode ser aplicado em praticamente tudo, ao que me parece. Não em toda a acepção da palavra, mas apenas pra ilustrar como muito do que amamos – ou assim pensamos – é inevitavelmente passageiro. Cada pessoa que conheci, cada situação que passei, cada lugar que visitei, tudo foi uma forma de empréstimo, involuntário, mas um empréstimo.
No meu caso, nem sempre é fácil lidar com isso. Por mais que eu queira provar (não sei pra quem, talvez eu mesmo) que é tranquilo lidar com essas situações, não é simples digerir tudo isso que é jogado na minha fuça. Nada de escrever um tratado de como deveríamos nos sentir quando perdemos algo ou alguém, é apenas falar de como deveríamos aproveitar cada momento que é concedido. Como uma tarde na mesa do bar preferido, com a melhor cerveja, a melhor companhia, a melhor tarde, o melhor bate papo. Tudo emprestado, tudo já se foi. Ficou apenas a parte boa. A parte que eu desejei que ficasse.