Ninho vazio e outras lembranças.

Todas as manhãs a mãe calmamente ao acordar os gemeos, cantarolava a canção costumeira : "Deixa a luz do sol entrar, deixa aluz do sol entrar...".

Assim inesquecível foi o dia da "coroação", não lembro ao certo quantos anos, quando percebí o quanto profundo e indescritível o sentimento entre mãe e filho, parecendo haver um código secreto decifrado por um simples e emblemático olhar.

Aconteceu quando um dos gemeos ao acender uma vela na igreja,e o coral cantava "aquela canção" que dizia :"deixa a luz do sol entrar, bastando olhar de mãe para filho para nascer um breve sorriso despertando em mim um sentimento de enorme emoção.

Recordei-me do fato hoje depois de tantos anos, pois após um almoço familiar, não tão comum agora, a mãe ao se despedir dos filhos, com o mesmo olhar dócil, agradeceu dizendo com uma entonação sincera disse:-Obrigado por vocês terem vindo, obrigado mesmo.

Provavelmente escrevo este texto, pelo fato que hoje com a "síndrome do ninho vazio", ou melhor dos quartos sem a presença dos meninos, que me veio à mente a antiga visão, como que ouvindo um coral imaginário de crianças, em uma missa de "primeira comunhão", confesso que lacrimeja os olhos ao pensar no fundo musical que insiste em ecoar na memória dizendo claramente:

-DEIXA A LUZ DO SOL ENTRAR, DEIXA A LUZ DO SOL ENTRAR...