NARA LEÃO
No inicio dos anos 60 Nara Leão uma garota da zona sul do Rio de Janeiro e seus amigos de praia, insatisfeitos com a música que escutavam, começaram a se reunir para escutarem coisas diferentes, pesquisarem, e até fazer novas músicas.
Ela tornou-se a musa daqueles rapazes que queriam fazer músicas com poesias. O grupo começou a aumentar, nomes como Ronaldo Bôscoli e João Gilberto se juntaram aos demais. A casa de Nara Leão tornou-se o principal ponto de encontro dessa turma e ali já sob a influência de João Gilberto, acordes dissonantes e uma batida diferente de violão, começavam a ser criados.
A Bossa Nova dava os primeiros passos; contudo, a casa de Nara ficou pequena para tantos amigos. O novo ritmo precisava de espaço para ser divulgado, e assim começaram os shows em escolas, grêmios, faculdades.
Foi nesses shows que aconteceu a estréia de Nara Leão. A jovem muito tímida foi vítima de uma “armação” de Silvinha Telles, que antes de chamá-la ao palco, mandou fechar todas as portas. O nervosismo de Nara foi tamanho, que ela cantou de costas para o público.
Nara ganhou o 2º Festival da Canção com a música de Chico Buarque, “A Banda”, e já era um nome reconhecido no meio artístico, e assim, se engajou na luta por justiça social, tendo como principal arma, sua música. A menina tímida, que tinha medo do palco, tornou-se uma mulher com opiniões firmes e contestadoras, chegando a fazer ofensas aos militares em pleno regime de ditadura: "Os militares podem entender de canhão ou de metralhadora, mas, não pescam nada de política", disse a cantora em uma entrevista em 1966. Quase foi enquadrada na lei de segurança Nacional. Só não o foi devido a mobilização dos intelectuais a seu favor. Carlos Drumond de Andrade lhe fez um poema, a defendendo dos militares.
Ela apostou tudo nas canções de protesto. A partir daí, popularizou-se como a mulher corajosa, diva do Show Opinião e ícone da juventude brasileira engajada contra a ditadura nos anos 60.
Aos 47 anos, na manhã de 7 de junho de 1989, Nara Leão morreu devido a um tumor inoperável no cérebro. Se estivesse viva teria completado 70 anos. Até hoje convivemos com uma imensa saudade.