VELHINHO BOM DE BOLA

Deixei o meu neto Tomás (6 anos) na sua aula de judô e, como teria uma hora para passar o tempo, saí pra dar uma voltinha no entorno do colégio “Magnum” , resolvendo visitar a padaria próxima, onde fazem uns pães de queijo deliciosos além de outros quitutes de dar água na boca.

Quando subia uma ladeira, já chegando à panificadora, na garagem sob pilotis de um prédio na esquina dois garotos dos seus 13, 14 anos batiam uma bolinha legal. Foi quando um deles chutou com mais força e o balão de couro desceu pelo barranco que circundava o prédio, passou pelo muro e ganhou a rua velozmente, na minha direção.

Os adolescentes gritaram para mim, nervosos:-

“- Moço, pega a bola pra nós, por favor? ...” – e desceram até o meio da rampa gramada, suplicando minha intervenção salvadora.

Adiantei-me e peguei a pelota, quando então o maiorzinho deles falou:-

“- Agora joga pra nós! O senhor dá conta?...” – e se entreolharam, meio que desconfiados das minhas possibilidades.

Eu sempre fui doido por futebol, desde criança e tive a bola como um dos meus brinquedos favoritos. Mais velho de dez irmãos, comandava a tradicional pelada vespertina no campinho de terra atrás do estadinho dos eucaliptos, do “Esporte Clube Renascença”, clube onde joguei mais tarde, dos petizes aos juvenis, na companhia do saudoso mano Silvinho, o qual viria a se tornar , no futuro, um famoso jogador profissional de futebol, atuando em diversos clubes brasileiros, inclusive no “Cruzeiro” de Belo Horizonte e no “Vasco da Gama” carioca.

Com a bola nas mãos, fitei lá de baixo os dois garotos no alto do barranco e me senti desafiado por aquele tal de “- O senhor dá conta?...”.

Calculei a distancia, mirei bem a dupla de pivetes, joguei o balão à meia altura e desferi um petardo com a perna direita (a boa) ! Bati bem na redonda, sentindo a gostosa sensação de ter “pegado na veia”, como se diz na gíria futebolística e vi lá de baixo, feliz, o “pombo sem asa” ser encaixado por um dos meninos.

Os dois arregalaram os olhos, sorriram ao mesmo tempo e comentaram:-

“- Caraca, olha só o velhinho, rapaz! Ele conseguiu! ...”

Lá de baixo, no meio da rua, senti um arrepio gostoso pelo corpo todo e retruquei, feliz e sorridente, aos dois peladeiros:-

“- Cara, eu já fui bom nisso, sabia?...” – e reiniciei a caminhada em direção à padaria, orgulhoso e sorridente, lamentando apenas que o Tomás não estivesse comigo para testemunhar a façanha do seu avô! ...

-o-o-o-o-o-

B.Hte., 17/03/12

Dedico esta crônica a todos os meus amigos e amigas do “RDL”, fãs de futebol como eu e que já curtiram bater aquela bolinha com seus coleguinhas, nos bons tempos da nossa meninice.

RobertoRego
Enviado por RobertoRego em 17/03/2012
Reeditado em 31/01/2013
Código do texto: T3560367
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