O VELÓRIO
O VELÓRIO
- Temos um velório para irmos, Paulo – disse Mara.
- Você sabe muito bem que não gosto de ir a velório. É o último lugar que eu quero ir. – desconversou o marido.
- Mas é que o marido da Dalva morreu e eu preciso ir dar uma força.
- Ela não é uma das donas da loja em que você trabalhava?
- É.
- Mas faz mais de vinte de anos e você nunca mais se encontrou com ela!
- Pois é, mas tenho que ir. Por favor, venha comigo.
Meio a contragosto Paulo atendeu ao pedido da mulher.
“Que noite agradável. Bom para tomar uma cervejinha.” – pensou ele.
Chegando ao local indicado logo procurou ver se encontrava a amiga. Mas nem sinal dela. E, pior, não havia nenhum conhecido. Sentaram-se em um canto e aguardaram. Não sabiam nem a quem dar os pêsames.
- Não falei para não vir? Nem ela veio.
- Paulo!
Mara começou a arrepender-se. Com sair dali? Parecia que todos os olhavam e perguntavam: “quem são os estranhos?”
Mas para alegria sua, enfim apareceram os primeiros conhecidos, mas que há muito tempo também não os via. Mas nem sinal da viúva. Aproveitando-se da situação aproximaram-se dos recém-chegados, despediram-se e saíram dali.
Paulo sentiu o ar fresco de fim de madrugada e respirou forte.
- Mara...
- Não precisa dizer nada. Você estava certo. Não tinha mais nada a ver comigo.
Paulo deu um sorrisinho de vitória e disse:
- Vamos tomar um chopinho?
- Agora?
- E por que não? Estamos vivos.
E entraram no primeiro barzinho que encontraram. Afinal era domingo.