DONANA
Minha liberdade está condicionada apenas a uma coisa: viver expulsando cada regrinha que me foi empurrada goela abaixo durante muito tempo.
Ela se chama Donana. Na realidade chama-se Ana, mas todos a chamam de Donana, desde pequena. Foi um apelido carinhoso que o pai lhe deu e pegou.
Sempre foi introspectiva, ficava cismando pelos cantos da casa. Trancava-se sempre no quarto para ler ou ouvir músicas. Vivia mais no quarto do que fora dele. Ele era seu mundo. Só saiu dele definitivamente quando casou. Mas ainda fez do quarto do casal o seu refúgio. A sua moradia mudou, mas a sua personalidade não. Continua a mesma de sempre e pelo jeito a sim será até o fim.
Com o tempo foi ficando mais observadora, crítica até em relação a sua vida e a dos outros. Quando a vida de outros se cruza com a sua, irrita-se. Não gosta desses cruzamentos, às vezes tem que deixar passar coisas para poder seguir com sua vida. Não gosta de passar nada, muito menos deixar o caminho livre para outros.
“Eles que se danem!” resmunga.
Mas esses cruzamentos ela sabe que são necessários:“Tudo que um dia se junta se separa de um jeito ou de outro e isso me consome porque é uma verdade irrefutável para mim. Seu eu pudesse rezaria para que isso não acontecesse comigo”.
Não somos donos literalmente de nossas vidas, principalmente quando nossa vida está ligada a de outra pessoa. O que fazer?
Ela precisa pensar melhor sobre sua vida, precisa tomar uma decisão.
Psicólogos, terapeutas todos sempre dizem a mesma coisa: as escolhas pertencem a nós. O que acontece em nossa vida é devido as escolhas que fizemos no passado que refletem no presente e pode alterar, modificar ou acabar com o nosso futuro.
“Futuro, não quero pensar em você!”
Não conseguirá fazer nada. Só resta seguir em frente e procurar amar a todos, correr riscos, quem sabe assim terá chance de fazer de sua vida algo bem melhor.