A palavra de agora é...
OBRIGADA, OBRIGADO!
Três expressões facilitam a convivência em qualquer lugar: 'por favor', 'desculpe' e 'obrigado'. Isso me disseram certa vez, e eu já pude comprovar. Pois bem, 'obrigado', que muitos não usam (ou usam sem pensar), significa ‘ser compelido ou forçado a fazer algo ou ficar agradecido’. E este último usa-se para expressar gratidão.
Gratidão, como entendo, é o reconhecimento por um benefício que alguém lhe fez, ou seja: um sentimento, algo abstrato, e como tal, pode ser expresso ou não. Assim sendo, a menos que possamos saber o que vai no íntimo de alguém injusto é dizer que Fulano ou Fulana não sentiu gratidão. Já o ‘agradecimento’, este sim, refere-se a dar provas (concretas) deste sentimento - geralmente ligado a uma troca ou obrigação social, mas que não deveria ser.
Interessante como diferentes culturas lidam com favores ou dívidas de gratidão que destes derivam. Em certos círculos, se fazemos um favor a alguém (ou se damos um presente), logo vem uma retribuição. Certa vez, uma senhora pediu-me um favor e não aceitou quando eu lhe disse que não queria nada material em troca, que um simples ‘obrigada’ pagava muito bem. Ela ficou tão desconcertada que eu, para evitar maiores constrangimentos, acabei aceitando o que ela insistiu em dar-me para agradecer. Entendo quem age assim. Em geral, como gostamos de estar quites, seria essa uma forma de cortar pela raiz problemas que dívidas de gratidão podem gerar, evitar cobranças do tipo: “Mas depois de tudo o que eu fiz por você, ingrato!”.
Por isso é que eu, ao fazer algo por alguém, tento deixar claro que a pessoa não tem nenhuma obrigação para comigo. Ora, fí-lo porque quí-lo, por certo pude fazer e acabou por aí. Se espero algo em troca, logo digo, assim a pessoa já sabe como poderá retribuir, se quiser. Se o agradecimento vier, que seja de forma espontânea, por vontade da pessoa, como deveria ser, e não por convenção social. E para que não tomem com uma postura egoísta – muito fácil confundir nesta situação -, não digo que agradecer não seja importante, digo apenas que o ‘espontâneo’ e o ‘forçado’ não têm o mesmo valor. E havendo erros neste ensaio, por favor desculpe; brincando com palavras sigo e, obrigada, agora vou.
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