OLHARES   DE   DESESPERANÇA.


      Se você já visitou um abrigo ou uma casa lar onde crianças e até adolescentes esperam por adoção, deve ter observado   que as menores agarram-se nas suas pernas e não querem  largar você. Os mais velhos  são mais arredios, desconfiados, quase não se aproximam. Na maioria das vezes, não é você que escolhe quem vai adotar, são elas que  escolhem você. Recentemente, um casal de psicólogos, sem filhos,   decidiu   adotar dois irmãos. Por razões que desconheço ( o casal   é meu conhecido), mesmo depois de todos os procedimentos necessários para o estabelecimento de vínculos  e depois de algum tempo já  no futuro lar, as crianças foram devolvidas para o abrigo.Fiquei sabendo que no dia do retorno, as crianças estavam  felizes. O que pode ter acontecido para que esse desfecho  se concretizasse?  Nunca saberei, mas arrisco dizer que  ser pais   biológicos  exige  alto investimento em afetos e   com  filhos  adotivos, o investimento é  cem por cento mais.Talvez os olhares dessas crianças, rejeitadas  duas vezes pela vida, não possam mais dizer: espere por mim, família.