PACIÊNCIA

Remexendo no almoxarifado da minha memória que ainda não está informatizado e é composto de várias fichas amareladas pelo tempo a procura das sete virtudes, encontro uma ficha na letra “P” escrito “PACIÊNCIA”, retiro-a cuidadosamente, assopro a poeira e coloco-me a pensar pacientemente no novo texto chamado: PACIÊNCIA.

Algumas anotações na parte superior da ficha questiona-me a existência da minha paciência e o que eu ando fazendo para mantê-la ao meu lado ou se eu já a perdi ha muito tempo. Novamente entro em grande reflexão e tenho um olhar global entre todas as pessoas e observo que muitas pessoas nunca tiveram Paciência e outras já perderam a mesma faz tempo.

É muito comum notar a ausência da Paciência em alguns Setores Públicos, filas quilométricas de grandes supermercados, no trânsito caótico das grandes metrópoles, no nosso trabalho, nos nossos estudos e até na nossa convivência familiar.

O que fazer para mantê-la sempre pertinho da gente assim como um filho recém nascido? Fácil, muito fácil: Apenas devemos usar a Empatia quando tratarmos com pessoas de difícil relacionamento. Mas e em relação ao trânsito, a fila do banco, nos supermercados e nos setores Públicos? Bom, aí é necessário passar a mão na cabeça da querida Paciência, sentar-se num banco de um sossegado jardim e ter uma boa conversa de entendimento e seria mais ou menos assim:

- Querida, jamais quero perde-la, mas é necessário que você ajude-me e fique sentadinha ao meu lado, pois vamos “pegar” a marginal Tietê neste horário, horário de grande movimentação de carros, entendeu?

- Ah sim, entendi, jamais quero afastar-me de você!

- Então fique sentadinha aí ao meu lado enquanto eu dirijo.

E assim é dada a partida no carro e alguns quilômetros são percorridos na marginal e quando olho para o banco do passageiro não vejo mais ninguém, olho pra trás e vejo que a Paciência abandonou-me na primeira curva e lá estou eu sem a Paciência.

Ser paciente é ser caridoso, é entender que mesmo a Paciência não teve paciência com tal situação e no primeiro acesso a direita, voltar e encontrá-la andando calmamente, parar o carro e convidá-la a entrar e seguir viagem entre milhares de buzinas, fechadas, barulho de motores, cheiro de combustível.

Quando chegamos em casa, depois de várias horas parado no infernal trânsito da grande metrópole, convidá-la gentilmente para entrar e ela diz:

- Nossa, agora você me perde de vez!

Alguns sorrisos são ouvidos entre nós, um beijo na patroa e outros nas crianças e o ar de felicidade no semblante da Paciência sentadinha do sofá parecendo que não irá nos abandonar naquele momento.

Ufa, estamos em casa para descansar e quando deitamos e vamos fazer nossas orações para agradecer a Paciência ela aparece surpreendentemente ao nosso lado e diz:

- Obrigada! Seja paciente, senão você me perde! Amanhã estaremos juntos novamente! Boa noite!

As luzes apagam-se e os sonhos são maravilhosos.

LUCASI
Enviado por LUCASI em 17/03/2012
Código do texto: T3559194