Lemos coisas que nos marcam para sempre.
De vem em quando torno a lembrar de um detalhe que li há muitos anos em Éramos Seis, de Maria José Drupet, livro que me marcou, especialmente após conhecer pessoalmente a autora, senhora de comovente simplicidade, com obra tão rica e não pouco conhecida. A sua biografia que só conheci muito tempo depois, é impressionante.
Conta a autora mais ou menos o seguinte: a sobrinha com dificuldades financeiras, de vez em quando, visitava a tia que gozava de situação privilegiada; sendo muitas vezes socorrida por ela. A tia invariavelmente mandava servir o mesmo refresco, que pomposamente chamava de horxata, e era na verdade, sementes de melancia, açúcar e água batidos no liquidificador, que na época poucas pessoas possuíam; e gelo, outra raridade.
Será que o Senhor da Vida não confia a alguns mais do que precisam para que eles sejam apoio, incentivo e socorro de outros?