Poucas palavras

Não ando afim de falar muito.

Não ando com paciência.

Não sobra nada que ainda falte ser dito, na verdade.

E eu também não ando afim de ser repetitiva.

Só para variar um pouco, já que quase sempre sou eu quem fala, repete, se esgoela.

Estou cansada, sem voz e sem palavras. E sem vontade também.

O vazio de dentro me invadiu e roubou meu alfabeto.

Meu tão precioso alfabeto.

Não me vem nada à mente e o que a cidade me diz é altamente inspirador.

Me sacia. Me implica, me sacaneia. Me delicia.

As poucas palavras que ainda tenho, raspo do fundo de mim e despejo aqui.

Para não me deixar esquecer totalmente de quem sou.

Cris Souza Pereira
Enviado por Cris Souza Pereira em 16/03/2012
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