Às vezes sinto falta daquela intensidade que passou.

Muitas vezes observando a juventude e seus arrobos de impulsividade,

penso:como são exagerados! E inevitavelmente me pergunto:fui assim? Ah,todos fomos em grau maior ou menor,porque o jovem vive,tem sede de vida e tudo é superlativo nessa fase da vida.

O jovem se apaixona e a paixão é seu tudo,o jovem é eterno!

Se arrisca,se joga,se funde ao seu mundo imaginário de eternidade,como

se fosse imortal,inatingível...Mas porque perdemos essa intensidade?

As dores,a vida,a realidade,não sei...Apenas constato que perdemos em

alguma curva da vida essa coisa toda de intensidade,eternidade.

Isso deveria ser mantido! Ando sentindo saudade daquela paixão pela

vida.Ando precisando muito dela! Mas onde ficou? Guardada em algum baú do tempo,corroída pelas traças da desilusão,talvez...

Eu não queria me apaixonar falando em sentido literal porque a gente não precisa mais disso; não da mesma maneira, quando adultos é preferível um

amor mais real,sem cegueira,onde se enxerga virtudes e defeitos.O que eu gostaria mesmo era de voltar àquela paixão pelo sonho,pela vida e tudo.Até uma certa dose de ilusão,porque era doce...

Mas isso nunca mais se sente,não se recupera, não mais se vive,porque já foi levado pelo vento do tempo... Que pena! Eu só precisava de uma dose daquela vontade de realizar,de sonhar de viver.

Eu queria me encontrar com aquela menina que fui e ensinar coisas que

a vida me forçou a aprender,para que em troca,ela me fizesse reaprender a sonhar apaixonadamente...

Quem dera eu pudesse abraçá-la de novo e descobrir que ainda é tempo,que ainda é cedo,que é possível...Onde estará aquela menina?

Onde foi que me perdi dela? Hoje ao me olhar, vejo alguém um tanto

calejada pelas marcas da vida,alguém que carrega um fardo de perdas

e dores e que nos caminhos da vida não vê muitas flores,alguém que é dor,e que por mais que sonhe,o sonho é mais saudade do que um dia foi e não mais será.Um dia um filósofo disse que ao chegarmos à margem de um rio,nunca mais seremos a mesma pessoa,nem o rio o mesmo de antes,eu descobri que é assim com tudo!O tempo não move apenas águas,ao deixarmos algo lá no passado,mesmo voltando,não mais encontraremos,o tempo move tudo! Nós também já teremos mudado tanto, que aquele reencontro não significará a mesma coisa.

Assim foi quando depois de mais de vinte anos eu caminhei outra vez

pelos campos da minha infância.Eram outros caminhos,outros espinhos,

e até a dor da saudade era maior! E chorei ao por-do-Sol, porque aquela menina havia partido para sempre... E era órfã,como nunca antes havia sentido...

Elenite Araujo
Enviado por Elenite Araujo em 15/03/2012
Código do texto: T3556844
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