Déjà vu
Por breves instantes senti que a realidade se congelava e algumas de minhas vagas memórias, pouco a pouco, tornavam-se evidente. Tentava me conter. Buscava outro foco. Olhava para um lado. Olhava para o outro. Mas a saudade me fazia querer olhar para um só local: o que você estava! Ver você imóvel no mesmo lugar que um dia me aguardou. Identificar o mesmo sorriso de alguns meses atrás que também pertencia a mim. Caminhava em sua direção, embora ainda estivesse anestesiada. Meu Deus! Encontrava-me em um estado penoso. Contudo, instigando mais ainda meu sentimento, você continuou andando... Cheguei a pensar que tudo era fruto da minha imaginação. Nada disso, era tudo real. Percebi esse fato quando a realidade começou se distinguir das lembranças. Você parou no último degrau da escada e se apoiou no mesmo suporte daquele dia, evitando cair enquanto eu o abraçava firmemente. Essa era a única diferença. Eu não podia nem ao menos girar seu corpo e te abraçar como meu desejo cobrava. Menos ainda, dessa vez, não podia acariciar seus cabelos levemente, direcionando seu rosto ao meu. Não podia nem falar que esse filme nostálgico passava pela minha cabeça. Mesmo assim, não hesitei. Na metade da frase, você me olhou de uma forma, parecendo que além de ter enxergado tudo no meu interior, tinha compreendido o final da frase. E sutilmente disse-me: ‘’Por que você acha que eu parei no mesmo lugar? Eu também me lembrei da mesma coisa que você. ’’