Intolerância Religiosa

Que atire o primeiro crucifixo aquele que nunca teve um pensamento preconceituoso sobre algum credo religioso... Creio que ninguém se atreverá!

O Brasil é conhecido também como o país da tolerância religiosa, supostamente um lugar onde todas as religiões convivem bem e em paz. Olhando superficialmente, e de longe, até se pode pensar assim, porém, em análise minuciosa, vemos que isso é uma fábula, talvez um delírio dos que querem vender a nossa nação como uma pátria “bonitinha”. É claro que o Brasil não possui uma guerra civil instalada por conta das práticas religiosas, tampouco os adeptos das mais diversas crenças estão nas ruas e praças promovendo chacinas, explosões e atentados terroristas, porém isso não significa que não haja preconceito e conflitos acalorados, até porque: quem disse que o preconceito e o conflito estão sempre ligados a violência física? Como bem sabemos, existem outras formas de violência, a psicológica por exemplo.

A religião cristã, predominante no Brasil, seguindo a sua regra de fé, se proclama como a única verdade e caminho para se chegar a Deus, porém ela própria se choca consigo. Quem não se lembra de um pastor evangélico que anos atrás chutou as imagens de santos católicos dentro de um determinado templo? Na época, lembro-me que foi um escândalo, motivo para trocas de ofensas e expressões de repudio entre os próprios cristãos, mas tudo em nome da fé, não é? Que nada! Foi uma tremenda violência entre as partes cristãs: de um lado o cristianismo evangélico, do outro, o católico. Sem falar na atual fragmentação que ocorre neste mesmo segmento.

Já as religiões com influências africanas, como o Candomblé e a Umbanda (Okê Arô), sempre foram perseguidas e sofreram preconceito, desde a época da Colonização: e isto a história registra! Os negros escravos eram proibidos de cultuarem seus Orixás e Guias, considerados por muitos como “demônios”; eram obrigados a “aderirem” ao catolicismo (fato que iria gerar um sincretismo religioso entre os orixás africanos e os santos da igreja católica) e a cultuar os santos católicos. Com medo da morte o negro se submetia, ou aparentava se submeter. Hoje não mudou muita coisa. Quem é da Umbanda e do Candomblé é considerado como “macumbeiro”, alguém que cultua a demônios: isto é um absurdo! As religiões acima têm sua história, seus princípios, suas crenças e práticas, porém, os que emitem juízos preconceituosos são aqueles que nunca estiveram em seus locais de culto, que não procuraram conhecer a fundo em que os adeptos destas religiões acreditam. Isso me faz concluir que todo preconceito é uma espécie de ignorância.

Na mesma linha de raciocínio, os espíritas (ou Kardecistas) são rotulados por praticantes de outras religiões como “bruxos”, e por aí a fora. Tudo devido a sua crença nos Kharma e em outros princípios. Com os muçulmanos também não é diferente, também são fortemente criticados pelos seus “primos” na fé: é uma verdadeira batalha ideológica para ver, ao que parece, quem arrebanha o maior número de fiéis. E os Ateus, escapam ao preconceito? De maneira nenhuma! Quem diz que não crê em nada de cunho espiritual e que professa não seguir a nenhuma religião é visto como alguém que pretende subverter a ordem social, que é a favor da depravação total, quando, na verdade, está apenas fazendo uso de um direito que lhe é garantido na Carta Magna deste País.

Enfim, poderíamos citar muitas outras religiões e crenças que sofrem preconceito ideológico e escancarar que, embora a Constituição “regulamente” a liberdade de crença esta, na maioria das vezes, não é respeitada. Porém, não são necessários muitos esforços para revelar que as religiões não são tão tolerantes assim umas com as outras, quem dera fossem... É, será preciso muita prece. Vamos lá...?

Pai nosso que estás os céus, santificados sejam os templos de cultos e seus fiéis! Amém!

Lui Jota
Enviado por Lui Jota em 14/03/2012
Reeditado em 15/03/2012
Código do texto: T3554334
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