O CAMINHO DAS TREVAS

Estamos vivendo o drama e o clima de perplexidade diante de procedimentos assustadores de alguns seres humanos. Uma criança de 5 anos – Isabela Nardoni - foi simplesmente jogada fora como um saco de lixo, pela janela, provavelmente ainda com vida, numa atitude no mínimo intrigante, mas sobretudo fora da lógica. Que transformações estão ocorrendo no campo genético, que nos permite a insensatez de aceitar crimes pelas características do autor?

Não estamos mais questionando o fato em si, estamos deplorando o fato de quem possa tê-lo cometido seja uma pessoa normal. Não se lamenta a morte em si da criança. Nesse momento o mais importante é o motivo e tentar justificá-lo. A própria imprensa e a surpreendente opinião publica geram esse clima de indiferença.

Se for bandido, ladrão,”tudo bem”, ele não poderia mesmo deixar viver uma testemunha, etc. mas o pai, a própria mãe, ou uma madrasta supostamente carinhosa? Isso foi terrível, inaceitável. Mas não é esse o pensamento lá fora (no meio da massa), alguns até defendem os autores de alguns crimes.

Quase no mesmo dia, uma bala perdida passa pelo vidro da janela de um ônibus no Rio de Janeiro e derruba uma jovem, que é carregada nos braços de um dos passageiros para fora do ônibus para ser socorrida. Ninguém mais se espanta com mais nada e vamos nos transformando em animais. Aqui em Goiânia, um sujeito seqüestra um Juiz, faz a policia de boba e ainda querem escrever um livro sobre ele.

Querem mais frieza ainda ? A da imprensa.

No caso da menina Isabella, o repórter chega, põe-se diante de uma câmera para falar ao vivo e dizer, antes de qualquer outra coisa, que conseguiu a façanha de um depoimento exclusivo no estacionamento do prédio onde se deu a tragédia, ou para falar com o pai do suposto assassino, etc. São todos mercenários, todos aproveitadores, em busca de uma audiência maldita e falam e falam e repetem e mostram a boneca jogada na grama como se fosse Isabella e como se quisessem na verdade que o corpo dela ainda estivesse ali para se expor tantas e tantas vezes, de forma que o objetivo da audiência esteja sempre em primeiríssimo lugar.

Foi dito em algum microfone de rádio ou mesmo TV que a mãe biológica estaria (pasmem) cobrando para dar entrevista. Que loucura é essa, que mundo é esse?

De que loucura coletiva estamos falando? Independentemente de crenças religiosas de superstições, de medos, de receios exagerados, de loucuras intermitentes, o que estamos fazendo com os nossos corações? Que sentimentos estão brotando em nossas mentes? Estamos nos transformando em monstros?

Estamos vivendo a metamorfose que nos leva para o caminho da perversidade, da bestialidade? Agora além da fatalidade ou dos sustos que o destino nos prega, temos que conviver também com a possibilidade de estarmos nos transformando na próxima vitima em potencial. Isso sem dúvida, nos deixa mais assustados, mais agressivos, mais defensivos e mais desconfiados.

Uma mulher chamada Wilma, há alguns anos, raptou uma criança para forçar um casamento. Uma leviandade imperdoável, que liquidou com os sonhos de uma mãe. Uma outra chamada Silvia Calabresi, que a imprensa em mais uma sacanagem chama de empresária (merda de empresária), tortura várias pessoas, crianças adolescentes, com métodos medievais dando-nos a impressão que estamos vivendo o horror dos tempos das trevas ou das cruzadas, ou das guerras sangrentas dos bárbaros de outrora. Outra recentemente em Santa Catarina, possivelmente drogada junto com o namorado, se rebela contra os Pais e os assassina cruelmente a pauladas. Moça fina, educada, estudada. Mais ou menos simultâneamente a tudo isso, um veiculo é assaltado em alguma capital e uma criança fica presa à porta, sendo arrastada por mais de 300 ms. Sem que nada pudesse ser feito, além de corpos cortados e recortados em malas por assassinos frios e cruéis.

Estupros, chacinas, tiroteios, incêndios criminosos em cadeias e a grande farra da corrupção, junto com tributos gananciosos e pesados dízimos daqueles que cobram tanto quanto os advogados mercenários e/ou consultores jurídicos, para venderem a vida depois da morte.

Os religiosos diriam: Está faltando Deus. Óbvio que não. Partindo do principio que ele exista, ele sempre esteve presente “secula seculorum” e portanto a atitude teria que ser dele e não nossa. Está acontecendo alguma coisa que não sabemos , mas devem existir muitas analises e muitos raciocínios científicos em torno de tudo isso, mas que por razões óbvias não podem ser levadas a público. E por razões mais óbvias ainda, providencias e regulamentos não podem ser impostos.

E mesmo com a hipótese da humanidade estar se distanciando de Deus, que Deus é esse que nada faz e parece mais querer se divertir com os seus humanos desclassificados, que se portam como soldados mercenários, desertores do exercito dos bons e dos humildes e dos normais. Quanta controvérsia no “crescei e multiplicai-vos”? Ou quanta conivência divina?

E ainda existem pessoas que acham interessante, quando nos julgamos severamente, e fazem alarde dizendo que em momento algum vamos ao cerne da questão. Mas qual seria esse cerne? Ai vem a demagogia de afirmar que pessoas normais jamais utilizam de meios violentos com o próximo, pessoas normais e éticas sabem que o próximo tem os mesmos sentimentos físicos e mentais que elas; “se o procedimento é anormal a cura só se faz com o medicamento certo e na medida certa” ! “acredito que acima de tudo, essa pessoa antes de ser castigada deveria ser curada. só o amor dignifica e constrói”. Mas que belíssimo julgamento, que equilíbrio. Isto quer dizer sumariamente: Estamos perdidos. De um lado os anormais, do outro, os de coração aveludado sempre prontos para ajudar.

Uma dessas causas, todos nós sabemos. O uso de drogas. E como todo silencio tem um preço, a culpa recai em bebidas alcoólicas, falta de educação, distribuição de riquezas, capitalismo selvagem, crueldade das elites, etc. E se os cientistas aprofundarem mais ainda, vão chegar a outras conclusões, mas existem muitas verdades que não podem ser ditas ou escritas.

Do lado de cá no ocidente estamos vivendo esse inferno zodiacal e do lado de lá na China por exemplo com quase metade da população do mundo, será que o padrão de comportamento é o mesmo? Eu não sei responder. Não pesquisei na internet, mesmo porque aqui, quando se coloca alguma coisa “transcrita”, não somos bem vistos ou aceitos, mas o que importa mesmo é onde esteja a verdade e eu pessoalmente duvide que a verdade sem conveniências esteja na internet.

E assim... a vida continuará até que um dia toda racionalidade atribuída ao ser humano se extinguirá, mesmo porque aumentando a incidência desses casos “espetaculares”, maior será a insegurança de todos aqueles que de repente por um motivo ou outro possa se sentir ameaçado.

Não é preciso ser um profeta ou tampouco ser possuidor da tal bola de cristal.

Luiz Bento (Mostradanus)
Enviado por Luiz Bento (Mostradanus) em 13/03/2012
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