Os bruxos
 
            O mundo sempre foi ávido pela sabedoria dos bruxos.
            Eu acompanho e destaco dois deles: Heidegger e Jung.
            Fico intrigado com o ponto que humanamente chegaram estes dois mitos do século vinte.  Heidegger é conhecido como o filósofo que soube entender as causas primeiras, e reconhecer que o homem tem sua vida marcada pelo término, fato não aceito por nós, mas uma realidade insofismável.
            Contra ele consta a sua inscrição no partido nazista.  Foi no começo do movimento, as atitudes de Hitler ainda não mostravam agressividade, mas a recuperação de uma Alemanha combalida.
            Ao contrário, Jung sabia com segurança que o espírito de Wotan, o deus guerreiro dos povos do norte europeu, iria influenciar o povo e causar a guerra.  A situação era inevitável.  E transformou-se numa realidade dura de engolir.
            O homem, por mais que não queira aceitar, tem seu fim.  Tanto o alemão, como o suíço, sabiam bem desta realidade, comum a todos nós, mas que evitamos falar.  O futebol, o chope, a caipirinha, o belo traseiro das mulheres, encarregam-se de afastar a ideia.  Mas não adianta, mais cedo, mais tarde, vamos nos encontrar com a grande realidade.
            Os bruxos que cito sabiam disto perfeitamente.  Heidegger foi um grande teórico, mas Jung compreendia o fato na pele.  Seus escritos provam o afirmado.  Mais de quarenta livros, escritos pelo bruxo de Zurique e Bollingen, na sua famosa casa de pedra, construída por ele mesmo.
            A obra de Heidegger está compilada em setenta volumes.  O outro bruxo compreendia perfeitamente o limite humano.
            Somos nada e somos tudo, ao mesmo tempo.  É a conclusão que temos nos estudos dos dois, e na nossa compreensão interna mais profunda.
            É quando o cronista encerra, para pensar e concluir que os bruxos estão certos, cientes da sua finitude.
            Interessante é que Heidegger, o filósofo alemão, acabou apaixonando-se por uma aluna judia.
            Nossa compreensão nunca esteve sujeita às leis matemáticas.


imagem:  A casa de pedra de Jung/Google     

Jorge Cortás Sader Filho
Enviado por Jorge Cortás Sader Filho em 13/03/2012
Reeditado em 13/03/2012
Código do texto: T3551739
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