A CLARINETA
A CLARINETA
Pegou com todo carinho aquela caixa de madeira e abriu. Em seu interior estava um objeto que seu pai tanto amava e que era seu divertimento principal: uma clarineta, que ele utilizava na banda de sua cidade em apresentações, aos domingos, no coreto da praça bem junto à igreja matriz. E isto lhe trouxe recordações de sua infância. Era como se um filme lhe passasse pela cabeça.
Para Francesco os domingos eram especiais. Depois da missa a praça ficava repleta de pessoas a apreciar uma boa música: chorinho, valsa, religiosas e outros tipos de canções. Foi aí que seu Antônio notou o interesse de Francesco pela música.
- Quer aprender a tocar o instrumento?- perguntou o pai.
- Claro que quero! – respondeu o menino cheio de entusiasmo.
Naquela época seu Antônio, todo fim de tarde, reunia a família para escutar suas músicas. E isso encantava o filho. Passou a respirar música.
O aprendizado foi cheio de paciência por parte de Antônio e de vontade de Francesco.
Um chamado o fez voltar à realidade. Era médico e estava de plantão. Saiu para cuidar de seus pacientes.
- “Pai, que falte você me faz!” – pensou ele, enquanto caminhava pelos corredores do hospital.
Mas na primeira folga voltou à sua sala, pegou a clarineta e começou a tocar. Uma onda de paz começou a envolver aquele ambiente, às vezes cheios de tristezas. Pacientes e funcionários passaram a escutar aquela música suave e encantadora. Descobriram que era Francesco.
Ela tocava com alma e coração a música que seu pai mais gostava.
E uma pequena lágrima começou a descer pela sua face.