O ALMOÇO - PARTE 2

Após instalar meus amigos em seus devidos aposentos sentamos no terraço interno da casa para jogar conversa fora enquanto aguardávamos o almoço. Eles descreveram o percurso. Reclamaram da demora do ônibus nas paradas, lamentaram a falta de higiene das lanchonetes e o péssimo estado dos banheiros. Realmente estamos fora do contexto quando a gente compara com os locais das regiões do sul, por exemplo. Acabo de chegar do Espírito Santo e viajamos da capital do estado para outras cidades. Todo local era limpo, bonito e de bom gosto. Sem falar com a atenção dos atendentes e a capacidade de comercialização dos produtos da terra. Uma loja de artesanato não fazia falta em cada parada.

Meus amigos também elogiaram. Acharam linda a vegetação de nossa região. A vegetação do Piauí é caracterizada pela caatinga e pelos cerrados ou agrestes, que ocupam quase toda a sua área. Os arbustos com galho retorcidos se misturam as bromélias. Não temos as lindas araucárias, mas a nossa carnaúba é tão bela quanto ela.

O cheiro da comida que já estava posta na mesa convidava para o almoço. Tudo estava no capricho. O caranguejo estava servido em duas modalidades: Ensopado e torta. O tamanho do camarão chamou atenção dos visitantes. A salada era de feijão verde para aproveitar a safra. Para acompanhar o almoço servimos suco de cajazinha. A sobremesa foi “o sapoti”. Fruta de pele fina amarronzada , carnuda e doce, com sementes pretas e um pouco leitosa. Fiz tudo para agradar e mostrar as coisas boas de nossa região. Eles não conheciam o sapoti nem a cajá. Assim como para nós não é comum o morango, a pêra e a maçã. Nós conhecemos porque importamos. Por que a gente não exporta o sapoti e a cajá?

Após o almoço veio a sesta. Armei redes de sol a sol por todo o terraço. Eles ficaram encantados com a terminação das redes em riquíssimas varandas. O nosso artesanato é rico em trabalhos de linha. Mas a grande novidade mesmo foi usá-las para dormir. Para eles aquilo era utensílio doméstico de indígena. Um deles conhecia rede como uma coisa ornamental. Mesmo estranhando, cada um tomou posse de uma, deitaram para experimentar e acabaram dormindo. Não sei se vencidos pelo cansaço ou porque realmente gostaram do conforto.

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Parte 2 do Livro “O Quinto” que está em fase de produção e sendo transcrito para o recanto na proporção que escrevo. O Passeio ao Porto das Barcas deverá ser a Parte 3