Caçando Cometas

Enquanto mais soldados americanos eram enviados para o Iraque, o cometa deslizava pelo céu. Enquanto corpos eram procurados dentro da cratera que parou São Paulo, o cometa flertava com a terra. Enquanto políticos anunciavam novos planos e brigavam por um lugar á sombra no planalto, o cometa era visto no céu e quem o via, percebia o quanto somos pequenos.

Gosto de olhar pro céu quando fico sufocado pelos meus problemas, quando faço isso, ponho minhas preocupações na devida proporção que elas merecem ser colocadas: segundo plano. Gosto de lembrar do tamanho da terra em relação à galáxia, principalmente quando abro o jornal e vejo tanta gente brigando por picuinhas.

Lembrar que não passamos de grão de areia nesse universo não me aliena ou torna minha vida insignificante, pelo contrário, quando passo o dia tentando ver cometas é que percebo o quanto maravilhoso é estar vivo nesse planeta aquecido e mantido por uma estrela de quinta grandeza. Ao caçar corpos celestes, percebo que somos mesmo das estrelas e estamos na terra, parcialmente esquecidos que somos também cometas viajando pelo espaço das experiências.

Por isso é importante esse exercício de olhar pro céu e se deixar encantar pelo pôr do sol ou por uma lua gigante que surge de surpresa na sua janela, como se só tivesse sido posta ali, para você olhar para ela. Deixar-se envolver por esses momentos, essas observações, faz com que você tenha ciência que viver é um presente sagrado demais para ser contaminado por tinta suja de noticias ruins de jornal, por vozes ecoando nas nossas cabeças vindas dos programas televisivos que fazem da tragédia uma festa para a audiência faminta por desgraça.

Observar cometas no céu, é um exercício de paciência, ainda mais no céu poluído por crimes das grandes capitais. Porem, se a paciência persistir, a recompensa não tarda a chegar: as nuvens do medo se dissipam e enxergamos o cometa da vida, riscando o céu para nos lembrar que não importa onde estamos, nossos problemas e a ignorância coletiva, tudo vai passar e vamos continuar.

Frank Oliveira

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