Quanto vale esta flor?

Na semana passada ganhei uma orquídea. Um espetáculo de flor! O mais caro de todos os presentes não se compararia à sua grandeza, nem me traria maior prazer.

E para você quanto vale?!

Quanto vale um sorriso seu? Quanto vale um bom dia cordial? Um olhar acolhedor? Um gesto de confiança e camaradagem? Qual o valor de um abraço sincero, de mãos entrelaçadas? E a gratidão, a fé, o respeito à condição humana, à individualidade? Que valor tem o som, o silêncio indagador? E o pôr-do-sol na Chapada, o banho de cachoeira, uma simples caminhada? Quanto vale o sossego da vila, a prosa animada na calçada, o riso solto da criança? O livro, a boa música, a poesia? Qual o valor da palavra dada? E a justiça, a tolerância, a autonomia? A máquina humana, os sentidos, as energias, o pensamento, o amor universal, quanto vale? Quanto vale ouvir um idoso discorrer suas memórias a esvair-se no tempo? Qual o preço da gratidão, da verdade, da honestidade? Qual o valor de tudo isso? Ainda damos valor a essas coisas? Ou nossos valores estão invertidos, anulados?

Ruy Barbosa já afirmava em 1914 aos senadores: “[...] De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto”.

O que diria o Águia de Haia se estivesse a testemunhar a “barbárie moral” dos dias atuais, em que a injustiça impera de tal forma que raríssimos são os padrões e exemplos honrados e dignos de serem seguidos? Em que a falta de honestidade e civilidade arruínam todos os conceitos, leis e direitos humanos. Em que o Ter sobrepõe ao Ser. Em que o consumo exacerbado consome alma, corpo e espírito, transformando as pessoas em verdadeiras marionetes do capitalismo selvagem.

Os valores são o que tornam a vida algo digno de ser vivido, que definem princípios e propósitos e nos conduz a fins grandiosos. Pensar valores. Este é o nosso propósito. Em quais valores acreditamos? Quais valores embasam nossa conduta, nossas escolhas?

Espero que esse texto contribua para a nossa reflexão e para nos tornarmos pessoas melhores.

“A pessoa é fim, não meio. Ela tem valor, não tem preço.”