CARIDADE E INVEJA.
Em Tomás de Aquino o pilar principal do mal é o orgulho ou soberba, trata-se de um pecado do espírito, como gosto de conceituar, do “caput”, da cabeça.
São Tomás o conceitua como pecado da consciência.
A soberba bem como a inveja estão isolados na configuração tomista de serem pecados exclusivamente espirituais. Portanto, pecados, faltas de grande dano pessoal.
São Tomás em II-II, qq. 23-46 da Suma Teológica, questão da virtude teologal, discorre sobre a caridade e a coloca de frente com os seus contrários.
Considera na “ Quaestio Disputata De Malo”, os confrontos dialéticos abordados em Roma em 1266-67. e em Paris, nos idos de 1269-70.
Na “Catena Áurea”, como versado em grandes hermeneutas, São Tomás esgota o tema e vai ao ápice comparando a inveja a uma traça que corrói ocultamente as vestes.
Entende que ela mata a humanidade, pois mata o amor.
Dizer o quê diante do grande mestre? Sim, divide sempre, nunca aglutina. Cinde a união que faz a humanidade única em ancestralidade. E alerta o Santo-filósofo: “a inveja queima e tortura: “torturados de inveja, queimados de inveja” (Catena Áurea. In Mt cp 21 lc 4).
Mateus refere sobre a ceguidade da inveja e diz que ela morde: “Alguns estavam mordidos de inveja” (Mt, 20).
São Tomás de Aquino pertencia à ordem do Decálogo, onde os princípios se fundamentam frente aos aspectos contrafeitos, negativos. A ligação e interação eram analisadas. As virtudes se assentavam em um organismo espiritual, onde os sentimentos estão apoiados no sistema espiritual que é inseparável da caridade.
O estamento moral é ciência das virtudes necessitadas praticar, evitados assim os vícios. A bússola é a consciência, irmã do espírito, filho da alma.
A teologia moral é virtude da caridade, a base da escola do Filho de Deus. Aquino confronta os vícios que lhe são opostos. É nesse anfiteatro que trata sobre a inveja. Para Aquino a inveja nasceu com o primeiro pecado cometido pelos Anjos que se insurgiram contra Deus.
Perdão aos céus pela minha ousadia, estariam antes de Caim? Caim é o marco da inveja bíblica, e levou sua inveja marcada para não morrer novo e expiar, expondo-a.
Aos anjos maus que perambulam no mundo se creditam pecados de consciência, acometidos em seus DNA. Neles perseveram, insistentemente, mesmo atropelados pela vida, inveja, soberba e ausência de caridade configuram estatuto pessoal. É natureza espiritual.
E São Tomãs em sua cátedra quase milenar e reverenciada por todos é severo: “o primeiro pecado dos anjos maus não pode ser outro se não o da soberba (Suma Teológica, I, q. 63, a. 2).
Orgulho (sempre injustificado, pela própria fonte e raiz) ou soberba, é um pecado do espírito. Segue-se a inveja. O anjo mal pretende exclusividade, grandeza única, ensombrada pela grandeza de outrem, como em Caim e Abel.
Que Deus se apiede dessas almas.