Inteligência adeus...
O preconceito contra a inteligência é grande e facilmente confunde-se com loucura como se fosse essa a sua preferencial inclinação. De tal modo que se retira da inteligência a qualidade de penetração quanto à penetração de luz nos confins do labirinto indecifrado. Para tanto se promove à sorte em lugar do cálculo. Tirando-se da imaginação o seu lugar ideal, dando-lhe enchimento de coisa fantástica, mágica, espiritual e finalmente religiosa.
O que é uma loteria para um homem inteligente? Um problema matemático que pode ser resolvido com variantes através do tempo, ou seja, todos um dia ganhariam na loteria se a mesma aposta viajasse no tempo. O fato de alguém estar inserido no processo da vitória é friamente uma escolha de quem manipula a tolerância de acertos. Mas preferem à sorte que é rica em volteios delirantes. Os volteios delirantes animam a vida. Consolam, são como vícios, bem como podem se reduzir à horrenda fé empedernida. Fé que muitas vezes leva ao homicídio e a guerra. Já muitos ateus apresentam humildade espetacular, além de todas as virtudes. Repetir exaustivamente o que quer que seja é tolher a criatividade ou forçar a sua fixação, absolutamente pouco inteligente em termos evolutivos.
Novamente temos a inteligência como fator progressivo. A inteligência do emprego das variações do maravilhoso xadrez essencial. Digo inteligência sendo a capacidade iluminada de verificar razões ao contrário das acusações impulsivas ou do medo irracional.
Ser inteligente é algo mal visto diante da falta de instrução majoritária onde emerge a figura do “malandro” espertinho. Aquele que “surrupia” com esmerada rapidez. Toma-se dele a rapidez do ladrão como inteligência equivocadamente. Pode haver grande inteligência na execução do mal, porém o final trágico acaba demolindo a ação como algo realmente passivo de ser antítese da inteligência.
Retornando a má catadura com que é vista a inteligência (que não a inteligência prática) em nossos dias, temos o abandono dos livros como referência de espaço onde germina tal desinteresse. Surgem cânticos vazios, novelas estúpidas, teatro idiota, discurso repleto de cobras que comem maçãs, além da vaguidão com que se movem sem atividade produtiva. A improdutividade é o resumo da pouca crença em qualificação livre, mas sim resultado de inteligência sorteada. Um homem inteligente não poderá ganhar cinco vezes na loteria, pois seria alvo de investigações. Mas o dono da banca que aufere de modo incrível, lucrando o tempo todo, é livre para transformar o ganhador em bandido. Tem força moral. Numa primeira pergunda rápida pela rua é possível ouvir mais vezes acusações sobre o ganhador do que louvor sobre a magnífica habilidade de jogador que com inteligência fora compensado. É exemplo de vitória sem louvor, pela inveja e pequenez dos demais.
Gostamos mesmo é da crença em bancos que cobram certa porcentagem para devolver o seu próprio dinheiro obrigatoriamente enfiado no imposto de renda. Algo fantásticamente incrível cobrar de alguém aquilo que é dele mesmo. Só o fantasma das crenças e crendices admite a tolerância porque invade as almas desde cedo com a propriedade da incapacidade interpretativa. Para quê? Tudo já está pronto...