ESCOLA, UM ESPAÇO HOSTIL ("Amor: um sentimento acolhedor." — Edna Frigato)

O professor trabalha em um ambiente hostil por natureza, indesejado em seu próprio espaço de trabalho, ainda mais "chato" como eu sou! Chegando à escola, os alunos me perguntam: — por que o senhor veio hoje? (A maior desgraça de um professor é ter de ensinar aluno que desconhece seu papel na escola).

Na sala dos professores, os colegas querendo "subir ou descer aula" e continuar saindo mais cedo, ficam torcendo pela falta de um (que adoeça ou morra...). E quando eu chego, olham em mim e se decepcionam. Se vou à secretaria, as auxiliares pensam que vou incomodá-las, dando-lhes mais trabalho e me tratam com indiferença ou com chacotas e desdéns repelentes, a fim de me desanimar de suas prestimosidades. — Olhe, à secretaria da escola, só vou lá tirar algumas cópias de folhas para os alunos e não é todo dia, assinar o ponto sim. O pessoal da limpeza de forma alguma gosta de me ver transitando por ali, nos corredores, para jamais sujar o piso. Para os estranhos olhamos com medo! Sabemos que escola pública não gera receita para o estado, talvez por essa razão, o governo sempre passa por longe. E o bom senso também faz curvas! Mas, a desassistência política escorraça a clientela séria de lá.

Em todos estes anos de trabalho, mesmo assim, não gosto de faltar às aulas e reuniões de trabalho, porém não me lembro de alguma sugestão que eu dei, em alguma atividade da rotina escolar, ser aceita pelo o grupo, mesmo bem intencionado como estou agora. Sou muito ruim mesmo ou há uma resistência descarada à viabilização do meu pensamento qualificador. No meu caso, é uma experiência desperdiçada. Aí, para completar, uma aluna do 7º ano me perguntou se sou formado mesmo! Só pode ter sido orientada! E suspeito de colegas "intelectuais" que sentindo-se ameaçados com minha "burrice", então preferiram somar-se aos "ingênuos". Por isso, deduzo que eles nem leem minhas crônicas da vida escola, para continuarem zelando do próprio conforto. Todavia, não me calarei até porque aqui, no mínimo, curo minhas depressões, falando com meu caderno de anotações e treino minha escrita!

Contudo, exite o dia da acolhida para alunos e funcionários. Como é irônico! No início do ano, fazemos festa com a finalidade de recepcionar os alunos e nós mesmos, com as boas primeiras impressões. É a vez dos novatos, eles frequentam uma semana de aula e desaparecem! Nunca sei se estavam só nos testando ou... Talvez seriam eles os intelectuais do progresso! Um ambiente de educação jamais deveria ser assim tão rotativo! Porém, devia, sim, ser o mais aconchegante de todos os lugares da terra, como merecem pessoas educadas! Todavia o é para alguns. Recebemos aqueles que já quase reprovado em outra escola, então se transferem para cá, no final do bimestre, não importa, e a gente faz o milagre sobre pressão. Mas, não se explica o porquê de os funcionários da escola baterem em retirada, às carreiras, ainda mergulhados no último sonido da sirene, e, dois minutos depois, ninguém se encontrará mais ali, nenhum atendente de plantão!

Qual minha contribuição nesta situação calamitosa? Pelo menos alimento esta utopia: A escola é educadora. É pena que sou passivo, sofro quieto e assim fica difícil melhorar. Se chiado valesse alguma coisa, "Sonrisal" não morria afogado! Quando o espírito de Dalai Lama baixar em mim, e, na minha esquizofrenia, ouvir sua voz, dizendo-me de dentro para fora: "Se descobrirmos que não podemos ajudar os outros, o mínimo que podemos fazer é desistir de prejudicá-los." Então, eu vou desistir do sistema educacional, repetindo as palavras de Bob Marley: "Eu desisti. Mas não pense que foi por não ter coragem de lutar, e sim por não ter mais condições de sofrer".