O título parece o de um filme pornô, e tomando tento de quantas mulheres são violentadas, agredidas e mortas por este mundão a fora, a tal falta de impunidade se parece bastante com pornografia de quinta.
As complicações de ser do sexo penetrável começam por seus buracos. Os desavisados e pouco atentos, acreditam que eles foram feitos apenas pelos orifícios eróticos. Não!
Procure-os com atenção! Os buracos mais (in)desejáveis numa mulher, aos quais me refiro, não estão debaixo das saias. São os que não podem ser vistos quando nos tiram a roupa. Ele pode estar nas mãos que não levam jeito para afagar; pode estar no peito que se magoa, na ausência de palavras; pode estar no ventre que não gera; pode vir dos olhos cansados de infidelidades; pode estar nos pés que não sabem recuar, nas madrugadas de solidão, no pouso de um corpo envergonhado, na cintura que engrossa, num trabalho humilhante, na timidez da hora errada, nos descalços planos de vida, na submissão; pode estar num parto indesejado, nos minutos que antecedem separações, nos sonhos desfeitos, atrás da insônia, sobre as rugas, na partida de um filho...
Os buracos numa mulher; olhem bem, estão no fundo dos seus olhos, que desviam instintivamente... Pois ali moram segredos de um medo antigo. Não são tocáveis fisicamente, mas uma tênue luz os encobre nas retinas.
Talvez seja isso que faça com que os homens estejam sempre se perguntando: Como decifrá-las?
Não há como... Pois não são elas a serem decifradas, mas seus intensos e solitários mergulhos.
Os bons homens voltam para rever os olhos, querem lê-los! E essa disposição é a única fórmula que faz com que o espírito da mulher submirja do fundo das águas.
O homem que chega perto dos buracos femininos e não os tapa ou penetra, mas delicadamente os enxerga, sem julgamentos ou sem sair correndo quilômetros, já aprendeu bolinar uma alma feminina.
E esse gozo, ah esse gozo é infinitamente melhor do que uma noite arrebatadora.
É um gozo que liberta!!