Nós Mulheres com "m" Maiúsculo não somos fáceis de sermos distinguidas. 
Não nos adequamos a um único gênero, número ou grau, depois da desconstrução e do grito feminino, 
estamos sendo modeladas cada uma com suas próprias mãos.
Desistimos apenas, de contar quantas mulheres há em nós, 
pois vamos trocando de atitudes da mesma maneira que mudamos três ou quatro vezes de roupa por dia. 
Perseveramos nas tentativas de mudanças.
Somos filhas, esposas, mães, avós, simultaneamente com a profissão que escolhemos. 
Mas sempre temos o sorriso, 
o batom, 
o perfume 
e a caneta 
para agendar um eventual compromisso com a vida.
Nem sei onde cabe tanta gente dentro de uma só pessoa!
Muitas vezes a própria família não compreende essa voltagem que existe em nós, 
muitas vezes a única pessoa que nos cuida é a manicure com dupla jornada de psicóloga.
A frase "Não tenho tempo" não existe no nosso dicionário, 
hoje primamos pelos momentos roubados do relógio que já nem orna mais o nosso pulso. 
Se a usamos é apenas casualmente para não parecermos diferentes ao extremo.
Enquanto o corpo trabalha, incansável, a mente vai viajando gratuitamente, 
compondo mil e um planos que ficam esperando nos cadernos espalhados no carro, 
na sala de aula, no quarto... 
Não se sabe quando a inspiração chega, se não a escrevemos, 
simplesmente ela vai embora em busca de outra Mulher atenta.
Do passado, sabemos da submissão da mulher pelos livros de época, 
certamente muitas de nós que escrevemos, estaríamos condenadas.
Hoje já não aceitamos a palavra "não", a trocamos pela frase "por que não?" 
E os homens ficam apavorados sem a tal explicação.
Agimos então naturalmente nesse momento de transição, 
pois é nossa tarefa ganhar espaço na sociedade,
para compensar o tempo que nós Mulheres ficamos assistindo as coisas acontecerem.
Muitas vezes desejamos ter nascido homem, 
para ter privilégios que todas nós sabemos bem enumerar, 
mas na verdade nós também não vivemos sem os amigos, namorados, maridos...
Noutras vezes, 
na maioria aliás, gostamos de ser nós mesmas, 
Mulheres que damos a luz a um outro ser que poderá vir a mudar o mundo.
Atualmente as únicas coisas das quais ainda somos dependentes são do carro, 
do par de óculos e dos livros que nos acenam, um viés na mente,
uma esperança,
uma fuga.
Estamos milhares de anos à frente.
Às vezes digo até que infelizmente!
Railda
Enviado por Railda em 09/03/2012
Reeditado em 13/10/2016
Código do texto: T3544723
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