O RIO AMARELO DE GENGIS KHAN
Bom, certamente eu não gostaria de me mudar pra China e sequer "defendo" aquele País, a não ser pelo fato de que eles possuem o direito à soberania e todas as medidas econômicas que eles tomam, qualquer País do mundo pode fazê-lo. minha querida mãezinha (que Deus a tenha) já dizia: "Quem pode, pode, quem não pode se sacode".
Obvio que devo ressaltar não estamos vivendo um momento muito bom para ironias e sarcasmos, mas eu diria que também não é o momento para "cala bocas".
O que não podemos é demonstrar ódio e revolta com conotações nitidamente ideológicas e com injustificadas impropriedades. Sei apenas que eles falam uma língua muito difícil, são muito feios e muito sisudos pro meu gosto pessoal. Rsss. Sequer acho graça nas muralhas da China, mas se compararmos com o muro de Berlim ou as muralhas do México bem mais recente, prefiro admirar as do oriente.
Portanto, arrogância por arrogância melhor mesmo uma reflexão mais ponderada quando sabemos que nas duas ultimas guerras chamadas mundiais os relatos da participação deles são bem discretos. Os dois relatos mais espetaculares da China que conheço na minha geração foi o de um estudante dançando na frente de um tanque quando os jornais ocidentais fizeram uma farra e o show das ultimas olimpíadas quando deles praticamente nada se disse e a imprensa Brasileira não fez outra coisa senão mostrar a delegação Norte Americana.
A China antes de se tornar o império econômico que é, sempre teve dimensões continentais, e quando Cristo nasceu e foi quando iniciamos a contagem de tempo na era do Cristianismo, os Chineses já contavam o tempo no seu calendário há mais de 4.000 anos. A China não deseja certamente ser o novo império do mundo, pois ela é e sempre foi mais da metade do mundo em muitas coisas e a sua população quantitativamente não desmente isso e sua área territorial e suas riquezas naturais não dizem outra coisa.
Portanto, "estupidez" e querer negar isso e levar para o caminho do ressentimento. Não há espaço para “tapas na cara”. Há um espaço enorme sim, para um aprendizado humilde e como já disse aqui, ao invés de estimularmos os ex-doleiros de Sarney, Collor e FHC viajarem para a China comprando tudo e destruindo a nossa produção interna, deveríamos estimular a ida de delegações de empresários para verem como tudo funciona por lá, pelo menos por curiosidade. E caso o orgulho seja maior, na base do "que rei sou eu", poderiamos mergulhar numa reflexão profunda e detectar com pureza d´alma, todos os nossos componentes de custo e "desfibra-los" até que possamos entender porque mercadorias que atravessam o oceano com custo de transporte matitimo e seguro alto, ainda conseguem ser vendidas aqui mais baratas do que aquelas que produzimos, sem falar ainda nos impostos de importação que são altíssimos e mesmo assim, ainda concorrem com os nossos produtores.
Mão de obra escrava? Ora, ora, isso é palhaçada. Mesmo que não exista custo algum de mão de obra (que seja zero) façamos as contas: Materia prima algodão, pigmentos, investimento em maquinas e instalação, custo de depreciação, reposição de peças, energia elétrica, água, drogas e tintas, armazenamento, etiquetagem, transporte, seguro, impostos para exportar (O Governo Chinês com certeza tem a parte dele) o lucro do exportador, as taxas aduaneiras que envolvem o desembaraço das mercadorias aqui nos portos, as taxas do governo federal, a comissão do agente aduaneiro, o lucro de revenda aqui pelos ex-doleiros, etc, etc.
Então existe algo errado não com os preços praticados pelas tecelagens, mas com o que acontece a partir dai. Certo? ou Errado?
Eles Sempre foram potencia na produção de bens de consumo duráveis ou não, e esses dados não vinham à tona, porque isso nunca interessou aos EEUU por questões ideológicas e mesmo comerciais e porque talvez o objetivo deles fosse desmantelar a China politicamente e Geograficamente para reduzir o seu poder, como fizeram num passado recente com outros povos por ali, Vietmam, Coréia do Norte. Não conseguiram e o povo ao longo do Rio Amarelo, continua lá, com suas tradições, sobrevivendo e certamente não dão muita importância ao que falamos deles.
Falar sobre isso francamente não é propriamente um posicionamento ideológico e ao contrário é mais que verdadeiro para mostrar que a política expansionista do ocidente (mais precisamente do Tio Sam) não deu certo, porque estava se tornando muito sangrenta digamos assim.
A China faz isso hoje com uma naturalidade impressionante, sem que uma gota de sangue esteja correndo e sem invadir outras nações com submarinos de guerra, aviões invisíveis e poderosos e sem massacres como os que tem ocorrido e que nem precisamos mencionar e que tiveram um custo muito alto para os espertos fabricantes de sandwiches e Coca Cola. Com certeza por lá, o sangue de Saddam Hussein não corre pelas bombas de gasolina de Pequim ou Shangai.
Quando dizem que a China adota o trabalho "escravo" para invadir e dominar o mundo com os excedentes de produção, eu fico pasmo, na dúvida se acredito ou não, pois como já escrevi aqui dominar mais de um bilhão de pessoas e obrigá-los a produzir tecnologia, belíssimos produtos e ainda muito acima do que necessitam para o consumo, é no mínimo algo fascinante, se não for espetacular, pois pelo que sei, hoje com todos os recursos tecnológicos é muito arriscado obrigar alguém a fazer algo de graça. Mesmo porque, se isso fosse mesmo verdade, o Tio Sam em nome da “liberdade e da democracia” já teria invadido a terra dos Mongóis.
Temos que resolver nossos problemas internos de corrupção, de corporativismo pois qualquer um ignorante político sabe que o corpo legislativo Brasileiro (Senado e congresso) é composto de empresários até então bem sucedidos e que sempre legislaram em causa própria. (exercem uma dupla função, a de comandar a chamada livre iniciativa e ao mesmo tempo exercem o direito de regulamentar essa liberdade segundo seus próprios interesses e conveniências.
Empresários no Brasil reclamarem do ESTADO é piada, pois eles governam, eles fazem as Leis.
Alegar que o Governo atual nada faz procede em minha opinião, mas não tem feito nada diferente de outros governos que o antecederam. Estou cansado de opinar aqui: precisamos enxugar nossos custos e rever critérios de marcação de preços lá na ponta, pois não consigo explicar, não sou economista, mas a industria no Brasil (todos os segmentos, incluindo o têxtil) é a que tem menor rentabilidade no mundo.Não sei de onde ouvi isso há uns 20 anos, talvez um boletim econômico desses mensais, onde uma comparação foi feita com os EEUU em que a industria lá tinha um lucro liquido bem superior ao do comercio (revenda), ou seja lá a industria ganhava 30 a 40% de lucro contrapondo-se ao comercio que ganhava liquido 5 a 10% no máximo e olhe lá. Aqui no Brasil ocorre o contrário. Um bom tema pois para reflexão.
Precisamos antes resolver nossos problemas de consumo interno desenfreado e regulamentar alguns procedimentos na produção de peças de reposição. Posso citar um exemplo: Você compra um automóvel no Brasil e sequer os parafusos para apertar os seus diversos tamanhos e aros de rodas, são padronizados. Quando você vai trocar um simples "reparo" da descarga de seu banheiro, existem mais de 20 tamanhos diferentes e se pensarmos em canoplas a coisa fica pior ainda. Será que isso acontece de forma igual no mundo inteiro ou somente no Brasil? Eu não sei, apenas pergunto.
A primeira visão que tive da China, fora a didática em colégios, foi um livro que li em 1984 intitulado – “Henfil na China” (antes da Coca Cola) e já estava na 12ª edição.
Vou repetir apenas o prefácio de autoria do autor, para que vocês fiquem curiosos e busquem essa obra maravilhosa e fantástica de Henfil e leiam e acredito pelo que ele não foi metade do critico que foi no “Pasquim”. O mais curioso é que o texto abaixo de sua autoria em 1983, relatando sua visita em 1977 quase 35 anos depois é como se estivesse sendo escrito hoje, por todos aqueles que falam por falar.
“ – Você vai a China? China, China, China Comunista?
Passeei minha imprudência de ir a outro planeta, sob olhar de inveja * e medo de tudo quanto é amigo, família e colega. Talvez fosse a ultima vez que estivessem me vendo com vida. Se eu não morresse lá, de lavagem cerebral, morreria aqui de cirurgia para extirpar o vírus comunista que eu traria nos meus cabelos, roupas e principalmente alma. Aí comecei a ficar com medo, a obtemperar; Vou, mas depende de me darem visto de saída, né?, Depende do Mino Carta conseguir as passagens, depende dos Chineses me deixarem entrar. Esta ultima era uma sutil tentativa de declarar para as paredes ouvirem que, como eu não sou comunista, os Chineses poderiam não me deixar entrar. E mais, eu estava crente que seria uma viagem assim bem clandestina, como ir a Cuba. Eu iria para Paris e lá, saindo de um taxi, entrando num ônibus, depois de despistar a Interpol, CIA, DINA, FBI e a invernada de Olaria, seguiria para o planeta comunista. Pois tive a maior decepção quando soube que a China Comunista tem embaixada no Brasil e em Brasília se tira visto de entrada.
Mas deixei de desenvolver a impressão de que ia a China cruzando fronteiras na calada da noite, me esfolando no arame farpado de peruca e documentos frios.
Engraçado, todo mundo é contra a china e seu comunismo dogmático, mas todos vigiam a China, atentamente, ao menor sinal de acomodação burguesa. Os mais ferrenhos defensores do capitalismo cobram a pureza total da China. Alguém poderia dizer que é para desmoralizar a China, Mas eu diria que no fundo, as pessoas querem que a China continue reserva ecológica humana mesmo. Que ela dê certo, para provar que ainda é possível viver em comunidade. Que o homem é bom numa sociedade boa. Foi para conferir tais suspeitas que a parti de julho de 1977 – com toda a documentação legal, vacinado contra a cólera e varíola, um medo enorme de avião – para o País de um bilhão de comunistas roxos. Ta bom o estilo?
Então parem de ficar lendo orelha que isto aí, já é o primeiro capitulo e o livreiro ta de olhando desconfiado...”
Sic – Todas as sutilezas estão muito mais sarcásticas e “virulentas” no livro em si. É um livro quase profético. Eu gostei de ler naquele tempo e hoje ainda o considero um dos melhores livros que li na minha vida.
* - a palavra inveja foi grifada por mim.