AS DONAS DE CASA E OS PEQUENOS AJUDANTES NA FEIRA
Praticamente, em toda feira da periferia, sempre algum ponto estratégico, fica um pequeno grupo de pivetes, cada um com o seu respectivo carrinho de madeira, na espereita de alguém que irá precisar dos seus "serviços". Quase sempre são mulheres. No interior de cada carro, que tudo indica que são os próprios garotos que fabricam, devido o seu estado tosco e improvisado, as donas de casas acondicionam suas compras feitas na feira e depois pagam uma pequena taxa de dois reais e cinquenta centavos aos seus respectivos ajudantes. Eles estão sempre dispostos a fazer o carreto, não importa o lugar. Só que geralmente fica sempre por ali na adjacência. O único problema é quando chega a algum prédio e o apartamento da freguesa fica no último andar, isto é, no quinto. Mesmo assim, contando com a ajuda de algum vizinho prestativo eles conseguem levar o carrinhho até lá em cima, caso contrário, têm que subir e descer as escadas várias vezes. E o que se percebe é que nunca reclama de nada, Estão sempre dispostos. O objetivo de cada um deles é ganhar alguns trocados para ajudar de alguma forma à sua família.
Após receber o pagamento do pequeno serviço, o máximo que algum consegue fazer é vencer a timidez e pedir um copo d'água para saciar a sede, principalmente quando faz muito calor. O que se observa, amiúde, durante o percurso da feira ao destino de cada um deles, é soltar alguma roda do carrinho, mas logo é ajustada. Algumas fregueses costumam trocar alguma ideia, conversar amenidades enquanto andam lado a lado dos seus pequenos ajudantes, salvo raríssimas exceções.
Por outro lado, dificilmente, pode acontecer algum desencontro inusitado, como por exemplo, a dona de casa que muda de banca, num momento de distração do ajudante, e no meio daquela muvuca, principalmente em tempo de chuva, encontra alguma dificuldade para restabelecer o tal encontro. Quando isto ocorre, o pequeno ajudante, como não pode ficar parado ali no meio daquele percurso estreito que é o de uma feira, ele só tem uma alternativa, voltar ao seu ponto de origem e ficar aguardante a freguesa, pois após alguns minutos, logo ela aparecerá já com ares preocupados, o que logo será reconfortada pelos outros colegas do seu ajudante, isto quando ela chega primeiro naquele local:
-Pode ficar tranquila, dona, que o garoto não vai fugir com a sua mercadoria não. Foi só um desencontro. Logo logo ele vai chegar aqui....Não falei, olha ele ali...Está satisfeita?
Quando isto ocorre, ela simplesmente sai toda desconfiada, sem nada falar, já tentando suplantar a sua desconfiança, motivada pelos casos que ouve e vê nos meios de comunicação.
Joboscan