Cananéia - Um Paraíso escondido.
Nesta madrugada de Lua cheia brilhante,com anéis azuis abraçando-A,tal qual Jasão fui levado pelos Argonautas em busca de relíquias de Ouro da História do Brasil.Levaram-me para Cananéia,junto com a frota de Martim Afonso de Souza,lá pelos anos 1531,tratando de encontrar um porto seguro e uma base para as naus portuguesas.Local ideal. Águas calmas de manguezal sereno defendido por uma ilhota comprida,anteparo das ondas bravias de mar aberto.Lá encontrei o Bacharel,português degredado relegado ao abandono em terras mal exploradas.A finalidade do aportamento era encontrar também um caminho para o El-Dorado andino,através de rios e matas,auxiliado pelos nativos bondosos.Alguns não eram nem um pouco caridosos e trucidaram um grupo de uns 80 homens,lá pelas bandas do oeste do atual Paraná.Posteriormente,Raposo Tavares iria vingá-los ferozmente,em busca também do *Velocino de Ouro*para El-Rey de Portugal. Também havia ouro naquelas terras adjacentes ao rio Ribeira do Iguape e até hoje há,escondido nas matas fechadas,às vezes fuçadas por aventureiros audazes sem medo de jagunços dos proprietários das terras e animais,assim como da própria natureza hostil. Os Argonautas me deixaram e se foram em direção à beleza da Lua Cheia tentando,quem sabe,encontrar a Natureza Humana em sua pureza. Vi-me solitário em Maratayama,pois o Comandante Português e sua troupe nem disseram adeus e se esvairam no Tempo.Vi-me novamente lendo Madame Blavastsky e seus grossos volumes da *Doutrina Secreta*,vi-me passeando de bicicleta pelas ruas tranquilas e alagadas,pois Cananéia é um mangue,até o terminal pesqueiro,onde barcos camaroneiros vinham desovar a pescaria de dias e dias passados em alto mar. Vi-me ajudando a descarregar os barcos cheios de camarão,peixes e mariscos soltos no convés à vontade,os quais me faziam *a feira* da semana sem gastar um tostão.Menos os camarões.Eram Sagrados.Os porões dos barcos plenos de camarões grandes em compartimentos separados por tábuas colocadas uma em cima da outra com bastante gelo a cobri-los. Linguados enormes,siris de casca-mole pintados.almejoas,vieiras,peixes menores,tamburutacas ou sapatas e tudo o mais De Graça,*pagamento*pelo trabalho,menos Camarão. E lá se retornava feliz para casa geralmente com aquela chuva miúda a gelar peles e ossos com a bicicleta cheia de prazeres alimentícios.Certa feita,encontrei um conhecido de SP e combinamos um passeio até a Ilha do Bom Abrigo,em pleno alto mar.Barqueiro conhecido,contratado e um acordo proibia bebidas alcoólicas,antes e durante a viagem.A saída da barra de Cananéia é um *barra*.Dá medo.Y fuimos por los mares,audaces navegantes,Após +-3 horas chegamos num lugar paradisíaco.A Ilha tem a forma de uma ferradura,tendo na parte de fora costões pedregosos para sustentar as ondas bravias e imensas,tendo no seu interior um lago azul límpido e calmo.Dava para ver o fundo numa profundidade de uns 10 a 15 metros.Um sonho acordado. E a Ilha do Cardoso? E as barcaças enormes que fazem(?) aquela costa,desde Iguape até os canais de mangue de Cananéia até a Ilha do Cardoso.Os golfinhos brincavam nos canais do mangue como crianças em parque de diversão,E eu brincava junto.Lá ao longe ficava o serrão,um Gigante Deitado guardando o Paraíso de possíveis predadores imobiliários. Martim Afonso tinha razão:chove muito em Maratayama,conforme escreveu ao El-Rey,mas isto não estraga as delícias de sua quietude com gente simples e pescarias gostosas. Lá não se encontra o Velocino de Ouro,mas,talvez,algum navio pirata afundado cheio de ouro e prata roubado aos espanhóis e portugueses. Quem sabe...A Lua Cheia trouxe-me de volta ao meu Canto. Um dia,pode ser,naves galácticas me levem,como Skywalker,a rever minha Querida Maratayama ou Cananéia-O Paraíso Escondido. Até breve,Maratayama!
Este texto dedico a Ione Rubra Rosa e seu Amor por Cananéia.