Dia da Mulher
Dia da Mulher
Bem, vamos lá, se dizem que hoje é o meu dia não vou contestar. E se dizem então que eu tenho direito a presentes neste dia, vou fazer então aqueles três pedidos ao tal gênio da lâmpada, afinal só ele poderia ter criado “um dia só” pra nós, mulheres. Não dá nem pra fazer o cabelo... Por isso, Senhor Gênio da lâmpada!, eu quero:
Pedido número um: eu quero um amor que me mande flores e que não ache que eu tenha logo de cara ter que dividir a conta do restaurante com ele; ou que ainda ache que por ser eu uma mulher “independente”, tenha que pagar a conta por ele e ainda o pior, que por me ver como uma mulher culta e interessante, me leve ao lugar mais barato da cidade e peça aquele sanduíche de mortadela naif e que para completar a noite, ao invés de me levar para um motel bacana, vem logo com aquela solução caseira de me levar pra casa dele. Pois parece mesmo que a “gentileza”, ainda que seja tomada como coisa antiga, se guarda agora como um segredo: “eu sei fazer isso, querida, mas fica para as de vinte anos de praia”. Como eu já tenho pra lá de quarenta... Chiii... Então, gênio, se conhecer um homem gentil – que não seja gay (não vale)– por favor, me apresente.
Pedido número 2: eu quero chegar na minha casa pelo menos uma vez e não ter que arrumar a bagunça generalizada dos quartos, da cozinha, da sala, do banheiro (ui!). Ou ainda ter que pagar os olhos do corpo para que outra mulher faça essas tarefas. Afinal dizem que essa é uma conquista nossa. Qual mesma? Será? Então por que a gente não relaxa e deixa tudo virar uma bagunça dos infernos? Então, gênio eu quero uma casa com sistema interno auto limpante tabajara, como diria o grande Bussunda, com a última geração do Limpator Instântaneo de House. Ou seria o Joel Santana? Cruzes, Joel! Sou Vascaína e apaixonada roxa pelo meu time. Essa é uma conquista pra lá de legal! Torcer contra o flamengo até ficar sem fôlego! Mas vai: respira! Relaxa!
Pedido número 3: eu quero um emprego que pague as minhas contas, não as contas do dia-a-dia: colégio de criança, água, luz, telefone, internet, condomínio, mercado, mercado, mercado... (se tivesse um pedido de número 4 eu pediria pra nunca mais ter que entrar num supermercado e encarar aquelas atentes “simpáticas toda vida”). Mas eu queria depois de mais de vinte anos de trabalho como educadora de escolas e instituições públicas brasileiras ter o direito legítimo de viajar pelo menos uma vez por ano. Conhecer culturas distintas, ser suspensa por dias ou semanas do cotidiano hostil de minhas uma, duas, três (ah, perdi as contas) das jornadas de trabalho no quase braçal. Eu queria ter o direito de conhecer o Tibet por merecimento. Mas...
De fato foram muitas as nossas conquistas ao longo de séculos. E tantas foram as mulheres extraordinárias que lutaram e morreram por essas conquistas: trabalhar, votar, mandar aquele sujeito cretino à merda e chamar o caminhão da mudança; e muito, muito mais! Sinceramente não gosto dessa ideia de um dia para comemorar isso e aquilo por razões de rabugices ideológicas. Mas se é pra entrar na dança, não podemos negar que o mundo agora é nosso. Aaahhhh!!!!! Uuuhhhhh!!!!!! E tudo isso escrito aqui é historinha pra dormir bem humorada. Ah, o Bom Humor... Eu sinto que ainda nos falta conquistar este planeta - de vez!
Um beijo a todas as minhas amigas lindas, maravilhosas salve salve!
Patricia Porto