ESQUECEMO-NOS DE MUITAS COISAS

Óbvio dizer que nas últimas quatro décadas retroagimos e muito na qualidade de ensino, e em minha opinião, antes disso vivíamos situações bem distintas se compararmos com o quadro atual e considerados os limites e recursos financeiros de governos daquele tempo (antes de 64). Lembro-me do Colégio Municipal em Belo Horizonte, possuía um conceito muito maior que qualquer escola particular e os melhores professores estavam lá e assim, era com certeza no Rio, São Paulo, Goiânia, Recife, Porto Alegre, etc.

O aluno hoje, principalmente nas universidades é tratado como cliente (pagou, passou) sem falar numa lei que me parece aboliu a famosa “bomba” e assim, temos muitos portadores de canudos, para nossa tristeza, sem a menor noção de concordância verbal e nominal, e dessa forma fica fácil imaginar o resto e conseqüências. Conheço gente que se forma na Universidade Católica hoje e sai de lá com o canudo na mão, vociferando orgulhosamente um “nóis vai ou um nóis foi”. Até eu que possuo apenas um curso técnico arrepio.

O ensino no Brasil é uma mercadoria nas mãos de mercenários e, como outras áreas importantes, foi loteado de forma maldosa e covarde com o objetivo deliberado de direcionar os nossos jovens daquela época ao caos que estamos hoje vivendo. Houve um retorno planejado ao campo da ideogenia.

O Fato de o Brasil ter tido no passado a fase do tal milagre econômico, levou muita gente a imaginar de que talvez a educação, não fosse lá tão necessária na formação do caráter e profissional do individuo, e assim, analisando friamente pudemos observar que nos últimos 40 anos a área em metros quadrados liberadas pelas tecelagens, lojas e bares que vão à falência, vão sendo ocupadas por igrejinhas em cada esquina de cada bairro, de cada cidadezinha ou de cada capital, onde a rigor deveríamos ter escolas primárias ou postos de saúde, universidades, delegacias de policia ou ainda unidades de corpo de bombeiros.

Cuidamos da alma, do nosso futuro incerto agarrado numa estrela cadente sem destino com pregadores semi-analfabetos e optamos pela falta de educação nas escolas e por tabela, a de berço e foi aí que começamos a decadência jogando papel de bala nas ruas, desrespeitando professores nas escolas e reinventando a irreverência e a falta de educação generalizada.

Nosso slogan principal, foi durante um certo período - "Brasil, ame-o, ou deixe-o", depois aquele mais triste: " atrás de um trio elétrico, só não vai quem já morreu" e depois a Lei de Gerson onde o slogan foi silenciado pela mídia, mas perpetuado dentro de cada um de nós como estilo de sobrevivência e permanece encroado até hoje, como aquele ridículo grito de guerra dos “fiscais do Sarney”.

Mas nem tudo está perdido e se nós puxarmos um pouco pela memória, já conquistamos muitos avanços desde que Santos Dumont, colocou o nosso Brasil no mapa. Temos hoje um sistema moderno e eficiente de apuração de votos anos luz na frente daquilo que funciona nos EEUU, ainda com uma densidade demográfica de fazer inveja a muitos países.

Já somos auto-suficientes na produção de petróleo, entre tantas outras coisas. Temos que colocar na balança que somos um conglomerado de povos de diferentes raças, diferentes religiões, sem aquele denominador comum e somente o tempo, um tempo bem maior do que aquele que se imagina, vai nos tornar mais irmãos, mais solidários e mais unidos, mais nação e mais nacionalistas.

Por ora temos que nos contentar com títulos como o maior rio do mundo, o maior pulmão verde do mundo, o melhor jogador de futebol do mundo, a melhor tenista do mundo, o melhor corredor de formula 1 do mundo e o povo mais pacifico do mundo em relação à fronteiras internacionais e o melhor carnaval do mundo e os maiores estádios do mundo.

Enquanto isso, nos esquecemos do Juiz Lalau, do Paulo Cezar Farias (morto e esquartejado), dos Jurunas, dos Tiriricas, até mesmo da ex-namorada de Luxemburgo que o denunciou por lavagem de dinheiro intermediando venda de jogadores. Esquecemo-nos que Hilary Clinton perdoou Bill e apagou da memória Monica Lewinsky (será?). Esquecemo-nos de Jeffersons, Pitas, Malufs e até mesmo o fato de que Toninho Malvadeza e Jader Barbalho, trocaram farpas em 2000, só pra Inglês ver. Esquecemo-nos da Casa da Dinda e esquecemo-nos das cavalarias nas ruas desde março de 64, quando a partir dai, deu-se o inicio à derrocada de todo sistema de ensino público Brasileiro, junto com a democracia que foi humilhada pela cavalaria do exercito com a pancadaria conhecida endossada por Governadores traidores como Magalhães Pinto, Adhemar de Barros e Carlos Lacerda.

Por esses e outros motivos é que há muito tempo os Brasileiros gênios, tiveram alguns que sair do Brasil para se aprimorarem lá fora. Miguel Nicolelis, teve seu nome publicado na revista Superinteressante – idéias, como sendo um dos maiores cientistas Brasileiros que conseguiu o feito e ligar um braço mecânico em um macaco, onde esse animal o aciona apenas com a mente e à distância. Isso aconteceu no centro de Neuroengenharia da Universidade Duke, na Carolina do Norte.

Esse é o nosso Brasil despedaçado, onde os jovens querem apenas correr atrás da jabulani para um dia quem sabe, se tornarem Ronaldinhos.

Luiz Bento (Mostradanus)
Enviado por Luiz Bento (Mostradanus) em 07/03/2012
Código do texto: T3540960
Classificação de conteúdo: seguro