As mães e seus filhos... (2)

A mulher nem sempre fica feliz quando descobre que está grávida, pode ser que o filho venha no momento errado!
A grande maioria fica feliz com a noticia da gravidez.
Orgulhosa avisa a família toda,e aos outros filhos caso os tenha, que em breve terão um irmãozinho ou irmãzinha,a felicidade é geral,imaginam mil planos, fazem lista de nomes para o futuro bebê arrumam o quarto, escolhem as roupinhas...Uma festa!

De repente tudo desmorona...
O terror se instala,  vive o inferno a loucura completa num minuto,quando recebe a noticia de que seu bebê não será uma criança normal. Já imaginou o drama dessa mãe e desse pai?
O desespero precede a fúria!A revolta atinge a todos em cheio, as esperanças jogadas no lixo,a desesperação os deixa fora da realidade,sentimentos contraditórios os enlouquece.A pergunta porquê soa mais forte que  nunca, por que eles são tão castigados com esse problema que não sabem como solucionar,por que seus sonhos se tornaram pesadelos.
Que atitude tomar?Ter o filho?Interromper a gravidez?
Vagam numa nuvem negra da desilusão e da dúvida...Tudo que foi preparado para a chegada da criança perde o sentido, serve apenas para lembra-los da triste realidade.A mãe se envolve num complexo de culpa inevitável,  se julga incapaz de gerar uma criança sadia,se acha diferente, inferior,,castigada e doente!
A impotência e a indignação, muitas vezes leva a repulsa pela criança, essa falta de vinculo afetivo, acaba por interferir no desenvolvimento do feto, muitas mulheres chegam até mesmo a desejar sua morte.

A triste constatação abala toda a estrutura familiar, a nova adaptação é sofrida mas necessária.A negação do problema é comum,seguida da depressão,do desencanto,uma mágoa profunda faz com que pronuncie palavras de ódio e blasfêmias, seu comportamento muda radicalmente em relação a toda a família.
Passado o impacto da noticia, a família  se vê obrigada a uma drástica mudança,  a de redefinir papeis e atitudes.
Quando a criança vem ao mundo,alguns se recolhem, recusam   a se expor a qualquer participação social,
evitando assim o sentimento de piedade,de vergonha,de segregação e o constrangimento de ter um filho “diferente".
Outros adotam o papel de mártires, “fazem o diabo”,são pessoas agressivas, amargas, com raiva do mundo,  justificam sua atitude  por que tem um filho com problemas!Como se isso fosse um detonador de sua maldade e mau humor. A pobre criança não tem culpa de ter dado a “partida” para que a pessoa revelasse o que na verdade já tinha dentro de si. Elas usam o filho como escudo para suas loucuras e desajustes.

Cerca de quatorze mil e setecentos pessoas são portadores de alguma deficiência, estima-se que em breve cinco por cento da população terá  certo grau de dificuldade  inclusive problemas mentais.Imagine o inferno que seria se tal comportamento fosse característico de todas as mães e pais que tivessem filhos “diferentes”.
Ninguém duvida que é um trabalho dificílimo saber lidar com esse fato,mas cabe a família inserir de modo gradativo a criança na sociedade, se relacionando com ela  como se  fosse uma pessoa normal,os pais devem receber o maior numero possível de informações, suas duvidas devem serejam esclarecidas para que possam decidir com maior segurança os recursos e condutas a serem seguidas,mas uma coisa é certa jamais afastar a criança do convívio social,isso só pioraria seu estado.
 Conheci uma pessoa que se finge de louca e tenta justificar seu comportamento por que  tem uma filha com síndrome de Dawn, hoje uma moça com mais de vinte anos.A mulher é descompensada pela própria natureza, mas a filha lhe serve de muleta...
Não se iluda,existe muitas iguais a ela...

Em contrapartida conheço muito bem outra mãe, seu filho tem paralisia cerebral,com quinze anos, seu físico é de uma criança de oito anos,preso a uma cadeira de rodas onde fica deitado,o corpo , a cabeça e braços  todos tortos, A mãe diariamente o leva para passear,ela fala com ele, ri,chama a atenção dele para observar as coisas na rua,pega no colo animais que estão por perto e com cuidado pega a mão do filho  e passa carinhosamente no animal ...Ele sorri(?)!
Essa mulher tem um semblante tranquilo de puro amor  não se importa quando olham para seu filho com olhar de surpresa...Ela tem orgulho dele e retribui admiração e espanto das pessoas com um sorriso meigo.
Conversando com ela, descobri sua única preocupação. Tem medo de morrer e deixar o rapaz, não sabe como ele será tratado. Não pensa nela nem em um minuto, mas sim no bem estar dele, no futuro dele!

 Ainda bem que somos diferentes uns dos outros, digo isso por que sei que muitas pessoas vão dizer que ela se anulou, como profissional, como mulher, se enterrou em vida...
Será?Não acredito. Ela vive e respira carinho e afeição pelo menino. Não deixou totalmente sua vida de lado, administra as duas coisas muito bem, mas ele é prioridade!É  difícil entender tanta dedicação a uma pessoa que nada pode dar em troca nem mesmo um sorriso,um obrigado ou simplesmente  um dia chama-la de mãe...
 Nosso mundo se baseia no toma lá da cá, do fazer e esperar retribuição,fica mesmo difícil entender o comportamento de quem nada pede apenas sabe se doar...Hoje só é valorizado quem “serve para alguma coisa”,todos temos que ser uteis, temos que produzir. Pergunto a essas pessoas, mas e num caso como este como ficamos?
Pergunta difícil não é?
Presto minha homenagem a essas mães  e pais de filhos  “diferentes”,que os acompanha com amor, eles merecem nossa admiração e respeito assim como seus filhos.
Rezo para que Deus os abençoe de modo muito particular, por que são criaturas verdadeiramente  especiais, e lhes dê vida longa.
 
M.H.P.M.