A ÚLTIMA VALSA -48
Com seu vestido de baile vermelho, maquiagem perfeita, cabelos soltos nos ombros, ela olhou-se no espelho, e gostou do que viu.
Sabia ser sua noite derradeira, já havia decidido, sem ele não viveria.
Ser trocada por outra, nunca admitiria.
Assim, decidiu, com seu vestido de noite, vermelho, em seus braços morreria.
Quando a orquestra começou a tocar, uma linda valsa de strauss, contrariando os costumes, altiva, atravessou o salão, e foi convidá-lo para dançar, todos pararam para olhar. Com a outra, esta noite ele não ficaria, ela não iria deixar.
Com os olhos marejados, olhou para ela, era bonita, mas não passava de uma menina, como ele podia fazer isto comigo, se jurou que para sempre me amaria?
Á medida que a valsa evoluía, ela o abraçava, e surpresa notou que ele correspondia, até beijou-lhe os cabelos, numa carícia quase divina, agora, ela já nada mais entendia.
Ao passarem pela moça que dançava, ele disse, “conheces, esta é minha prima?”
Seus olhos se arregalaram, o ar sumiu, as pernas dobraram, ele a sustentou...
-Tarde demais, ainda pensou...
-É o efeito do veneno que já começou...
Pelo espelho a sua frente, o viu desesperado, chorando...
E ela, com seu lindo vestido vermelho, expirando...
Olhos fechando... Morrendo...
Imaginando...
Com ele, sua ultima valsa dançando...