UM NÚMERO QUALQUER (parte 2)
Depois de um dia de trabalho, suportando o calor infernal da volta para casa, Ana se estatela na cama. O quarto com a temperatura agradável pelo ar ligado antes do banho, oferecia um relax mais que merecido. Então ficou ali a olhar o teto, suas imperfeições, a iluminação a meia luz. Toca o telefone. E sem se deslocar muito do lugar onde estava, atende. Sua amiga do trabalho lhe pede que não esqueça o material para a reunião do dia seguinte. Ana concorda e desliga. Ao pôr o fone no gancho, repara num número anotado no bloco. Não se lembra de quem seria tal telefone. Curiosa como ela só, procura na agenda do próprio celular e não encontra de quem seria. De bom humor, liga para o número e espera para ver quem atenderá.
- Alô.
- Quem fala?
- Com quem quer falar?
- Me desculpe, mas tenho esse n[úmero anotado e não sei de quem é. Poderia me dizer quem está falando?
Do outro lado, a voz de um homem. Parecia ser de alguém com certa idade, talvez uns 50
Ou um pouco mais. Era uma bela voz!
- Aqui é o Celso Amarante. Com quem gostaria de falar?
Ana ficou sem saber o que responder. Mas no fundo se encantou pela voz e pela educação demonstrada ao atender um engano. Pensou. Por que deixar pra lá? Pode ser alguém legal para um papo, mesmo nos fios invisíveis do telefone.
- Como já lhe expliquei, vi esse numero anotado aqui e como não lembrava de quem poderia ser, resolvi tentar descobrir ligando. Me desculpe se incomodo.
- Não tem por que. Respondeu a voz amável.
- Essas coisas acontecem.
- Bem, já que me apresentei, agora falta você. Como é seu nome?
- Ana, respondeu.
Irene Freitas
05/03/2012