SEM MEDO

Meus ouvidos vibram ao som das vozes que me rodeiam e são proferidas sem pensar. Vozes que machucam, apunhalam, ferem. Vozes que ecoam em sua capacidade infinita de penetrarem já rasgando o que ainda tinha de bom em meus pensamentos.

Meus olhos brilham quando vislumbram um feixe de luz em meio a tanta escuridão mundana. Cansados estão de existirem nas sombras, no escuro em que tudo em volta se encontra. Precisam de luminosidade, de um colírio da compreensão que amenize a poeira do supérfluo na córnea esgotada de tanto chorar.

Minha boca se cala imediatamente com o grito de inocentes sendo apunhalados pela ignorância. Se cala quando acham que o volume importa mais que a qualidade do sentimento revelado. Se fecha no instante em que as palavras proferidas se tornam vazias diante da tanta dor e desentendimento em um mundo em que prevalece a lei de quem sabe gritar e ferir com e por tão pouco.

Quero ouvir palavras musicadas que acalmam meu coração cansado, que embalam minha alma já desgastada pelo tempo. Quero enxergar beleza exalando dos gestos simples e espontâneos, que acalentam essa minha alma ansiosa pela fraternidade em tempos de guerras e disputas por podres poderes. Quero gritar ao mundo palavras com nexo e que há muito se encontram amordaçadas, que amenizam em minh'alma a dor do silêncio imposto durante os anos de ditadura dos bons sentimentos.

Quero amar em um mundo complexo, mas que saiba receber através dos meus meios de comunicação a simplicidade do amor em si. Quero amar sem justificativas, sem ponderações, sem críticas. Quero amar sem análises, sem sufoco, sem julgamentos. Quero amar sem medo.

Leca Castro
Enviado por Leca Castro em 04/03/2012
Código do texto: T3534964
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