Amizade de Prata
13/04/11
Amizade de Prata
Hildeth e eu conhecemo-nos há 24 anos no Colégio Monsenhor Luís Rocha. O sentimento de afeição foi recíproco. Cada uma sabia os segredos da outra, como se fôssemos irmãs gêmeas.
Até o pensamento, os gostos, os jeitos, os sonhos... combinam. Parece mentira, mas é a pura verdade.
Hoje em dia, não existe mais aquela Instituição de ensino. Não sei porquê ela deixou de existir, mas a nossa amizade continua, com toda a força, pelo sentimento que nutrimos uma pela outra.
Separamo-nos para seguir o nosso caminho. Mas a estima sempre continuou.
Todo ano, cumprimentamo-nos pela passagem do nosso aniversário. Não esquecemos nunca uma da outra. Nasci no dia 23 de outubro e ela 24 de dezembro. Além dos parabéns, desejo-lhe sempre Feliz Natal e Feliz Ano Novo. Assim segue a nossa vida e a nossa amizade.
Anos depois, encontramo-nos, por encanto, não por engano, no supermercado Pão de Açúcar. Relembrando o nosso tempo estudantil, descobrimos mais fatos em comum uma da outra: nossas manias e gostos. Contei-lhe que estava fazendo aula de dança.
Logo Hildeth quis saber como era e que tipo de dança. Contei que era dança de salão: samba, bolero e forró. Logo se animou; mas a timidez não a deixava seguir adiante.
Os familiares buzinavam no seu ouvido direito, e, eu, no esquerdo, tentando dar-lhe força e coragem em mais um momento de sua vida, mas ela não teve sorte, porque a turma de dança estava completa, mas, quem poderia prever o próximo ano?
E o próximo ano chegou, e deu certo. Ela dizia que eu ficasse colada nela, sempre por perto, como se fôssemos gêmeas siamesas, pois era extremamente tímida. Aconselhei Hildeth a deixar o acanhamento de lado e esquecesse tudo, entregando-se e dedicando-se só à dança. No primeiro dia, dançou muito bem, mas sempre perto de mim.
Depois de um mês, já estava adaptada e entrosada com a turma. Não falta de maneira alguma à aula, nem que chova canivete. Igual a mim. Como pode, né? Se fôssemos irmãs de sangue, talvez não nos entendêssemos tão bem assim.
Os instrutores são profissionais maravilhosos e com diferentes personalidades: uns simpáticos, outros mais sérios, animados, introvertidos, têm autoastral e são espontâneos com as alunas na hora da aula. Ensinam-nos e dão uns toques para a gente aprender e dançar com os nossos amores ou numa festa de aniversário e casamento.
Todos os meses, a academia que nós fazemos aulas de dança faz Happy Hour para confraternização entre os alunos, professores e convidados mostrarem o quanto os alunos aprenderam. Já participei de inúmeros Happy Hours. No mês de março, teríamos um baile de Carnaval, mas, devido a poucos ingressos vendidos, foram cancelados.
Ficamos revoltadas, ainda mais porque já tínhamos comprado a nossa blusa carnavalesca, mas as guardaremos para o próximo ano. Os pensamentos são iguais até nisto.
Neste mês de abril, vai ter Happy Hour. Já estávamos imaginando o sucesso, mas por causa de uma viagem inesperada, ela desistiu, como eu também desistiria se por acaso houvesse uma para mim também.
Passando um dia por onde estudei, lembrei que, coincidentemente, ela também lá estudara, mas neste tempo, a gente não se encontrou, talvez os dias e horários fossem diferentes.
Todos que nos conhecem, pensam logo que somos irmãs, mas explicamos que somos amigas de quase bodas de prata.
Não queremos nunca nos separar. Queremos completar Bodas de Ouro, Centenária, etc., até quanto puder.
Caso a gente encontre o nosso príncipe encantado, certamente escolheríamos para ser madrinha de casamento uma da outra e de nosso filho também para ser como família ou amiga unida que jamais será vencida.
Fui convidada por sua cunhada para o aniversário de Hildeth, que estava fazendo uma festa surpresa semana antes da data oficial e como sou amicíssima e confidente, pediu-me que não comentasse nada sobre o assunto. Concordei imediatamente. Ora, se é para o bem geral da nação, pode confiar em minha descrição. Confiou na minha palavra e seguiu adiante nos preparativos.
Minha irmã estava de passagem por esses dias, então perguntei a cunhada de Hildeth se eu poderia levá-la comigo à festa no dia 23 e ela corrigiu a data. Foi quando reconheci a voz da aniversariante. Nossa! E agora??? Na mesma hora, emendei. Ela pareceu não ter se tocado.
No dia da comemoração, amigos e familiares estavam esperando-a para um abraço apertado, enquanto ela estava na novela, pensando que não teria a sonhada festa. Fizeram-na sair de casa para que fosse ao restaurante vizinho para espairecer. Foi com preguiça, contra a sua vontade. Quando chegou ao restaurante, cantamos todos os “Parabéns para você”
Contou que mais uma vez tinha caído na surpresa feito um patinho.
Agora a gente não se separa mais, só se Deus quiser.
Amizade é difícil de segui adiante, mas não a nossa.
Adriana Quezado
Meu blog: adriqazulaygmail.blogspot.com/
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XXXV Concurso Internacional Literário
Classificada 10° lugar