Rosas,Chuva e Solidão

Passam lentamente às horas, tudo é vazio e silencioso.
A chuva bate em minha janela em pesadas gotas, isto aumenta minha angustia, pois o barulho dos pingos, me desperta, estou na realidade.
Olho pela janela, a água no vidro deixa turva a paisagem...
Não existem pensamentos, nem desejos... Não é belo os relâmpagos; os trovões não me assustam o cheiro da terra molhada não me inspira a um suspiro de plenitude.
Meu corpo esta dormente e meus movimentos não são sentidos, meus olhos se movimentam lentamente, porque parado esta o mundo, a dor partiu mas me levou consigo.
Não existe cura nem alivio nada pode mudar, e nunca existiu destino certo.

Quando esta chuva passar e o silencio novamente em minha vida reinar, eu falo, eu canto; talvez assim eu possa me escutar.
Quebrar elos, afastando de mim tudo que possa eu machucar... Ao transbordar em minha arte eu me perco nela e não consigo me encontra, é um ciclo vicioso se perder nos movimentos de letras e melodias que dançam furtivamente em minha cabeça.

Quantos momentos mais eu vou me buscar nos lugares inabitados?
Quantas vezes mais, a desconfiança em meus olhos será sentida por quem diz estar a me amar?
Escorregando para o fim aos picados, tudo isso por medo de ser reavaliado, explicado, esmiuçado...
Mas nesta hora em que a chuva em vez de parar aumenta como se me convidasse a dançar embaixo dela, instintivamente dou as costas para a janela...
A metade de mim me envolve em rosas...
Que seja o efeito trágico e anestésico de minha desgraçada busca por paz, mas mesmo assim eu me agarro ao caule espinhento das rosas para sentir a paz do perfume, os espinhos me ferem, penetra minha pele e me faz sangrar, mas estou nesta hora infeliz livre da dor física, e assim a dor do sentir, do existir machuca mais em mim... Escolher o que vai doer como o condenado à morte que escolhe a arma que vai lhe matar, e a escolha tem de ser feita mesmo querendo viver.
No chão do quarto mutilado por mil espinhos absorvo em meu corpo e se mistura ao meu sangue todo o perfume e é suave o roçar de suas pétalas em meu rosto.
Catatônico, enquanto o veneno me faz pobre dependente de minhas armadilhas, me tranquei em um estreito e me escondi... Tudo isto por orgulho, por não querer me dividir... Mil cascas, mil facetas, em nada foram certas, eu só queria um pouco de mim para mim.
Eu não sei mais arquitetar, e também não quero esperar, eu preciso respirar!
Arrasto-me para um ato que não é o final, mas vou com a energia como quem caminha para mais uma explosão de vida.
Abro a porta, como é verde a grama do jardim!
Abandono os sapatos... Atravesso os batentes sinto a grama molhada nos pés, e a chuva molha meu corpo e disfarça minhas lagrimas, o som dos trovões é a voz distante que grita meu nome...
Ergo a cabeça fechos os olhos e os pingos gelados se chocam com meu corpo lavando minha alma me acalentando a solidão braços e peito aberto... Giro em torno de mim mesmo...
Está longe o que me condena... Esta findando o efeito e eu estou perfeito...
Não vou sair daqui, não agora, não neste momento... Mas vou ficar quietinho, me sentar na grama molhada e me encolher como um feto enquanto a chuva faz de mim um legado eterno.
Disfarçado entre relâmpagos e trovões ventos e águas, abraçado as pernas cabeça apoiada nos joelhos, olhando o mundo que com certeza depois desta chuva será bem mais fértil.
Não quero me levantar, esta chuva lava o sangue das picadas de espinho de minha rosa de delírios... Vou ficar aqui, longe do dragão.
Um caminho escarlate forma o sangue misturado a água; e eu não quero saber onde isto vai dar e como vai terminar... Eu preciso estar aqui... Parado, sentado, como um feto sendo gerado... Não pretendo nascer,quem sabe uma arvore frondosa eu venha me tornar a ser.
“Como são confusas certas coisas... Confundir-me na arte, tentando de minha alma falar e vomitando você.”


Noah Aaron Thoreserc
Enviado por Noah Aaron Thoreserc em 02/03/2012
Reeditado em 02/03/2012
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