A Terra tem limites
O pandemônio por que passam os países desenvolvidos não promete que essa crise favoreça os pobres; somente nesse sentido há uma compensação: a reflexão para que se desacelere esse fenômeno já globalizado.Tais ricos, de longos séculos, vêm retirando de economias alheias e menores o custo dos seus privilégios: “descobrem”, invadem, escravizam, colonizam, dominam e, por cima, tributam, tirando para si a matéria prima que lhes convém. O gozo de consequentes privilégios está fadado a se extinguir em proporção ao crescente desaparecimento da matéria prima e à paulatina conscientização da autodeterminação dos povos. Também reconhecem os economistas que esses países em crise devam sair da cômoda vida do consumo para trabalhar o necessário.
Um dos principais remédios é despertarmos da fantasia de que a Terra possui riquezas que podem ser desnecessariamente consumidas sem limites. Hoje, mais do que nunca, predomina a ideologia da vontade ilimitada; do agir sem limites, atribuindo banalidade aos mais horrendos crimes; da descaracterização sem limites dos valores; dos interesses e lucros descomedidos em função dos quiméricos privilégios. Urge parar para pensar que a própria Terra, na sua finitude, tem seus limites e que, apesar do seu tamanho, também se sujeita a essa limitação.
Quando se fala de crescimento econômico, o reclamado desenvolvimento autossustentável , cada vez mais, dá lugar à obsessão pelo “produtivismo”, com a finalidade apenas do lucro, investindo-se na massificação pela mídia do estímulo ao consumismo perdulário para evitar excedentes no mercado e atingir sempre os maiores números de venda lucrativa; porque só subsiste “produtivismo” com consumismo. Quanto ao “lucrativismo”, indago ao caro leitor se interessa estar entre os “homens mais ricos do mundo” ao invés de viver feliz no conforto do que nada lhe falte; quanto ao consumismo, pergunto: por que gastar muito além do necessário? É tempo de se reduzirem a ganância e a inveja que exigem ter sempre mais e em demasia. Que se assegurem aos países ricos a comodidade de vida atingida e prosperidade àqueles que ainda não alcançaram elementares necessidades de sobrevivência, de saúde e de educação aos seus concidadãos; isso feito, a segurança virá por acréscimo. Essas crises nos advertem de que, sem limites, marchamos ao nada...
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